São Paulo, quarta, 20 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OPOSIÇÃO
Governador do Rio telefonou para o presidente anteontem para discutir a questão das dívidas dos Estados
FHC promete encontrar governadores

Lula Marques/Folha Imagem
Governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, se reúne com o presidente FHC para tentar renegociar dívida


da Sucursal de Brasília


O presidente Fernando Henrique Cardoso se comprometeu anteontem a marcar, até amanhã, uma data para se reunir com os sete governadores de oposição para discutir a questão das dívidas dos Estados.
A informação foi dada pelo governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), que telefonou anteontem à noite para FHC solicitando uma audiência e relatando como foi o encontro da oposição em Belo Horizonte poucas horas antes.
"Eu disse a ele que a reunião foi muito tensa e que o melhor para o Brasil agora é que haja diálogo", afirmou. Na conversa, ele afirmou que não deve haver intransigência de nenhuma das partes e que é preciso maturidade, equilíbrio e espírito público. "O presidente mostrou-se aberto ao diálogo."
²
Mato Grosso do Sul
O governador Zeca do PT (MS) se reuniu ontem com FHC pregando o entendimento entre o Planalto e os governadores de oposição. Mesmo assim, FHC não acenou com a possibilidade de renegociação das dívidas estaduais.
"Temos de desarmar os espíritos, guardar as facas", disse o petista. "Estamos maduros para entender que queda-de-braço vai levar o país para o buraco." "Antes de entrarmos na Justiça, precisamos conversar", completou Zeca.
Ele, que criticou a moratória de Minas ("qualquer posição radicalizada não ajuda"), disse que FHC se mostrou sensível ao diálogo, mas evitou o tema "renegociação".
"Neste mês, vamos pagar R$ 18 milhões -um quarto da arrecadação. Não aguentamos mais três meses", afirmou. "Não estamos mais cortando a carne, mas o osso." Segundo ele, há três posições: a de FHC, a da oposição e a dos governadores governistas. "Temos de sentar na mesa para negociar."
Para Zeca, é necessário reavaliar o pacto federativo e entrar em temas como guerra fiscal e distribuição dos recursos do FPE (Fundo de Participação dos Estados).
O governador afirmou que está fazendo ajustes na arrecadação do Estado, mas eles não serão suficientes para conter o déficit. Ele disse que não vai demitir servidores para ter a dívida renegociada.
Zeca pediu para que o Mato Grosso do Sul pague menos pelo gás do gasoduto Brasil-Bolívia, que passará pelo Estado. FHC vai em fevereiro para o Estado, onde participa da inauguração.
Zeca do PT também reivindicou que a União pague o investimento de R$ 100 milhões, feito pelo Estado, mas de responsabilidade federal. FHC, segundo ele, vai estudar.
Até as 19h de ontem, FHC estava reunido com o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB).



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.