São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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CRIME ORGANIZADO
Para deputado do PPB-AL, integrantes de comissão usam critérios diferentes em investigação
Augusto Farias critica apuração da CPI

MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio

O deputado Augusto Farias (PPB-AL) afirmou que a CPI do Narcotráfico usa dois pesos e duas medidas ao investigar deputados federais.
Augusto Farias passou a ser investigado após o caminhoneiro Jorge Meres, uma das principais testemunhas da comissão, afirmar que o parlamentar é um dos líderes de uma quadrilha de tráfico de drogas e roubo de cargas.
O deputado comparou sua situação à de Wanderley Martins (PDT-RJ), que aparece no vídeo de uma festa ao lado de um traficante do Rio, Walter Gomes Carvalho Filho, o Waltinho.
"Membros da CPI vão ao Rio de Janeiro e pegam depoimentos do bandido Waltinho", afirma Augusto Farias. "Aí o bandido diz: "Eu não tive contato nenhum com o seu Wanderley"."
"A CPI sai do presídio e diz que está convencida de que o Wanderley não tem nada. Puxa: na hora que o bandido diz que tem, vale. Na hora que ele nega, quando é contra o Augusto, não vale. São dois pesos e duas medidas."
"Se aparecesse uma foto minha com algum traficante, a CPI não me cassaria, mas mandaria para a cadeira elétrica."
Jorge Meres até hoje mantém sua versão sobre Augusto Farias. Uma subcomissão da CPI investiga Wanderley Martins, que é membro da comissão. Ainda não há relatório sobre o seu caso.
Por considerar que a CPI "usurpa competências constitucionais", o expõe à "execração pública" e move "perseguição político-partidária", Augusto Farias impetrou no STF (Supremo Tribunal Federal) uma reclamação pedindo a imediata suspensão da investigação sobre ele.
O deputado pede que os documentos oriundos da quebra dos seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, e "todo o produto da indevida invasão da sua intimidade", sejam enviados ao STF em "invólucro fechado".
"Meus sigilos foram quebrados há 120 dias, e ninguém diz se encontrou algo. Abri mão dos sigilos. Nem isso saciou a CPI."

STF
O ministro Sydney Sanches, do STF, enviou pedido de informações sobre o caso de Augusto ao presidente da comissão, Magno Malta (PTB-ES).
O deputado Róbson Tuma (PFL-SP), da CPI, negou perseguição a Augusto Farias e disse que os 120 dias citados por ele estão errados. Os sigilos foram quebrados em outubro, mas a CPI ficou esperando, segundo Tuma, que o deputado entregasse a papelada, como prometera.
"Como não entregava, pedimos à Receita e ao Banco Central. Os documentos estão sendo analisados há poucas semanas."
Em dezembro, em Maceió, a Polícia Federal apreendeu documentos pessoais de Augusto Farias que estavam na empresa de vigilância Tigre.
Um dos sócios legais da firma é Marcos Maia, ex-assessor de Augusto Farias.
A CPI suspeita que o verdadeiro dono da Tigre seja o deputado, que nega. A comissão achava ter quebrado o sigilo da Tigre de Maceió, mas recebeu dados de uma empresa homônima de Fortaleza.


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