São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

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ELEIÇÕES-2002

Governadora se reúne no Rio com diretor do instituto, que anuncia parceria com Estado no valor de R$ 120 mil

Roseana faz convênio com Ipea para medir a fome no Maranhão

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor de Estudos Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Ricardo Paes de Barros, disse ontem que o instituto vai supervisionar um estudo para medir, entre outros indicadores, a fome no Maranhão, governado por Roseana Sarney.
A PPV (Pesquisa sobre Padrões de Vida) analisa a dieta e os padrões de peso e altura para saber a situação nutricional da população. O estudo será financiado pelo governo maranhense e realizado antes da eleição presidencial.
Há dois anos o Ipea, órgão ligado ao Ministério do Planejamento, vem fazendo um diagnóstico da pobreza no Maranhão em parceria com o governo estadual. Segundo Barros, o convênio custou cerca de R$ 120 mil ao Estado.
Anteontem, Roseana declarou: "O Maranhão não tem fome, disso eu tenho certeza. Os indicadores sociais da periferia de São Paulo, de qualquer grande cidade, mostram que a pobreza é maior do que a pobreza do Maranhão". Segundo ela, a economia de subsistência garante a alimentação mínima da população pobre.
Depois de reunião entre técnicos do Ipea e Roseana, Barros disse que o estudo realizado até agora não tem condição de analisar a fome e que espera conseguir melhor análise com a PPV. Ele divulgou dados mostrando que o Maranhão apresenta ainda a mais alta taxa de indigência do Brasil: 33% da população vive com menos de R$ 50 mensais, enquanto, no Nordeste, a taxa é de 30%, e no Brasil cai para 14%.
Tecnicamente, disse ele, não é possível dizer se esses indigentes, apesar da extrema pobreza, estão passando fome, porque podem estar sobrevivendo graças à agricultura de subsistência e à pesca.
O diagnóstico apresentado à governadora diz que o Maranhão conseguiu, em alguns indicadores, uma melhora mais significativa que a média nacional. A renda familiar per capita, segundo o Ipea, subiu 30% no Maranhão de 1993 a 1999. No mesmo período, o indicador subiu 23% na região Nordeste e no Brasil. Questionado se foi convidado para o comando do programa social de Roseana, Paes de Barros desconversou: "Estou disponível para conversar com qualquer pessoa que venha me pedir sugestões para combater a pobreza no Brasil".
A assessoria de Roseana protegeu ontem a governadora do assédio dos jornalistas. Não divulgou o local da reunião com técnicos do Ipea. Roseana não apareceu para entrevista coletiva ontem e o local onde ela está hospedada no Rio está sendo mantido sob sigilo. Numa reunião anteontem com coordenadores de campanha, Roseana disse que não irá desistir da candidatura e que, quanto mais críticas recebe, mais se sentia motivada. Os pefelistas acreditam em um segundo turno entre Roseana e Anthony Garotinho (PSB).



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