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SOMBRA NO PLANALTO
Ministério Público Federal faz pedido à Justiça, em investigação que investiga envolvimento do ex-assessor com bingos no Rio
Justiça analisa quebra de sigilo de ex-assessor
FERNANDA DA ESCÓSSIA
FABIANA CIMIERI
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO
Em mais uma investigação envolvendo bingos no Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal
pediu ontem a quebra de sigilo
fiscal, bancário e telefônico do ex-assessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz.
O pedido foi feito pelo procurador José Augusto Vagos, num inquérito iniciado em 2001 para investigar bingos e agentes públicos. O inquérito, ainda em curso,
apura suposta movimentação financeira irregular no bingo Scala
e se houve omissão da Loterj na
fiscalização do jogo.
Waldomiro presidiu a Loterj em
2001 e 2002. O Ministério Público
também pediu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do
antecessor de Waldomiro no cargo, Daniel Homem de Carvalho,
que dirigiu o órgão em 1999 e
2000.
O pedido de quebra de sigilo é
referente ao período em que cada
um deles ficou à frente da Loterj.
"Que houve omissão da Loterj
não há dúvida. Queremos saber
agora até onde vai essa omissão",
afirmou o procurador.
Waldomiro foi demitido do governo federal há uma semana, depois da divulgação de um vídeo
em que aparece cobrando propina do empresário do bingo Carlos
Augusto Pereira Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e pedindo dinheiro para as campanhas de Benedita da Silva (PT) e Rosinha Garotinho (PMDB) ao governo do
Rio, em 2002. À época, Waldomiro presidia a Loterj.
A fita chegou ao Ministério Público Federal em Brasília. Desde
então, o ex-assessor é alvo de mais
duas investigações, uma no Ministério Público Federal no Rio,
que apura seu suposto envolvimento em lavagem de dinheiro
do tráfico internacional de drogas, e uma na PF (Polícia Federal),
que apura corrupção ativa, passiva e crime eleitoral.
Conivência
Em setembro de 2003, o Ministério Público no Rio conseguiu
uma operação de busca e apreensão na sede da Loterj com a alegação da existência de indícios de
conivência da estatal com atividades ilícitas dos bingos.
A Loterj obteve uma liminar no
Tribunal Regional Federal da 2ª
Região, e o Ministério Público Federal teve de devolver toda a documentação apreendida.
Vagos disse que o pedido de
quebra de sigilo não tem relação
com o escândalo da fita, pelo contrário, chegou a ser feito no ano
passado, mas ele optou por adiá-lo para depois da busca na Loterj.
Com a devolução dos documentos, a quebra de sigilo acabou
adiada por mais tempo.
O procurador disse que pedirá
cópias dos depoimentos já tomados em Brasília pelo Ministério
Público, com mais indicações sobre supostas ligações de Waldomiro com empresários de bingo.
O pedido de quebra de sigilo foi
enviado para a 5ª Vara Federal,
mas só deve ser analisado hoje.
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