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RETÓRICA OFICIAL
Presidente discursa e evita caso Waldomiro; Adauto oficializa saída
Povo pode perder paciência, mas não esperança, diz Lula
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A UBERABA
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERABA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em três discursos improvisados ontem durante visita à região de Uberaba (MG), não falou
diretamente sobre a atual e maior
crise de sua gestão. Após ser duramente criticado por um grupo de
sem-terra, afirmou apenas que a
população "pode até perder a paciência", mas não a "esperança".
No Triângulo Mineiro, a atual
turbulência no governo apareceu
de forma indireta, quando Lula
agradeceu a "dignidade" do vice-presidente, José Alencar (PL),
"nos momentos bons e ruins", e
ouviu de Aécio Neves (PSDB), governador de Minas Gerais, a promessa de "solidariedade" para
não deixar o país perder o "rumo"
em meio a turbulências políticas.
A acusação de que um dos homens de confiança do ministro
José Dirceu (Casa Civil) -Waldomiro Diniz- negociava o favorecimento em concorrências,
em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais,
surgiu uma semana atrás. Lula
não se pronunciou a respeito desde que o caso foi revelado.
No terceiro discurso do dia, no
assentamento Nova Santo Inácio
Ranchinho, em Campo Florido,
Lula, falando a trabalhadores rurais ligados ao MTL (Movimento
Terra, Trabalho e Liberdade), pediu que todos mantenham a "esperança" em torno de seu governo: "Vocês podem até perder a
paciência, que é um direito do ser
humano, mas, por favor, não percam nunca a esperança, porque as
coisas irão acontecer".
Pouco antes, Lula ouviu duras
críticas dos sem-terra sobre seu
governo. Sobre um caminhão,
utilizado como palanque, o presidente ouviu todas as críticas atentamente, mas não respondeu.
De saída do cargo de ministro
dos Transportes para concorrer à
Prefeitura de Uberaba em outubro, Anderson Adauto (PL) teve
ontem seu nome recomendado
por Lula à população local. Adauto entregou sua carta de demissão
ao presidente no vôo que os levou
de Brasília a Uberaba. "Você continua na pasta até conseguirmos
um substituto", disse Lula, segundo a assessoria do ministério.
Adauto, porém, deve ficar no
cargo até meados de março,
quando deve ceder seu lugar ao
prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL). Anteontem, Nascimento recebeu ligação do ministro José Dirceu (Casa Civil), segundo o vice-líder do PL na Câmara de Manaus, Fabrício Lima.
No telefonema, Dirceu teria reafirmado a indicação de Nascimento para os Transportes. "Ele
disse ao prefeito que a indicação
continua e que está aguardando
uma posição do prefeito", disse
Lima. O nome de Nascimento pode ser anunciado no final do mês,
quando Lula viajará a Manaus.
Colaborou a Agência Folha, em Manaus
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