São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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RETÓRICA OFICIAL

Presidente discursa e evita caso Waldomiro; Adauto oficializa saída

Povo pode perder paciência, mas não esperança, diz Lula

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A UBERABA

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERABA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em três discursos improvisados ontem durante visita à região de Uberaba (MG), não falou diretamente sobre a atual e maior crise de sua gestão. Após ser duramente criticado por um grupo de sem-terra, afirmou apenas que a população "pode até perder a paciência", mas não a "esperança".
No Triângulo Mineiro, a atual turbulência no governo apareceu de forma indireta, quando Lula agradeceu a "dignidade" do vice-presidente, José Alencar (PL), "nos momentos bons e ruins", e ouviu de Aécio Neves (PSDB), governador de Minas Gerais, a promessa de "solidariedade" para não deixar o país perder o "rumo" em meio a turbulências políticas.
A acusação de que um dos homens de confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil) -Waldomiro Diniz- negociava o favorecimento em concorrências, em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais, surgiu uma semana atrás. Lula não se pronunciou a respeito desde que o caso foi revelado.
No terceiro discurso do dia, no assentamento Nova Santo Inácio Ranchinho, em Campo Florido, Lula, falando a trabalhadores rurais ligados ao MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), pediu que todos mantenham a "esperança" em torno de seu governo: "Vocês podem até perder a paciência, que é um direito do ser humano, mas, por favor, não percam nunca a esperança, porque as coisas irão acontecer".
Pouco antes, Lula ouviu duras críticas dos sem-terra sobre seu governo. Sobre um caminhão, utilizado como palanque, o presidente ouviu todas as críticas atentamente, mas não respondeu.
De saída do cargo de ministro dos Transportes para concorrer à Prefeitura de Uberaba em outubro, Anderson Adauto (PL) teve ontem seu nome recomendado por Lula à população local. Adauto entregou sua carta de demissão ao presidente no vôo que os levou de Brasília a Uberaba. "Você continua na pasta até conseguirmos um substituto", disse Lula, segundo a assessoria do ministério.
Adauto, porém, deve ficar no cargo até meados de março, quando deve ceder seu lugar ao prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL). Anteontem, Nascimento recebeu ligação do ministro José Dirceu (Casa Civil), segundo o vice-líder do PL na Câmara de Manaus, Fabrício Lima. No telefonema, Dirceu teria reafirmado a indicação de Nascimento para os Transportes. "Ele disse ao prefeito que a indicação continua e que está aguardando uma posição do prefeito", disse Lima. O nome de Nascimento pode ser anunciado no final do mês, quando Lula viajará a Manaus.


Colaborou a Agência Folha, em Manaus


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