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Oposição muda tática e quer CPI no Senado
Objetivo é pressionar governo a dividir o comando na comissão mista, criada para investigar gastos com cartão corporativo
Partidos aliados se recusam a ceder à oposição relatoria ou presidência da CPI mista; em represália, PSDB e DEM articularam outra comissão
ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição mudou de estratégia de novo ontem e apresentou requerimento para a criar
uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) formada só
por senadores, o que lhe garantirá automaticamente uma das
vagas de comando na comissão
(presidência ou relatoria).
O objetivo é pressionar ainda
mais o governo, que não aceita
ceder um desses postos na CPI
mista (composta por deputados e senadores) que deve ser
formalizada hoje.
Com 30 assinaturas, o requerimento foi anunciado em plenário pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), depois que o presidente do Congresso, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), informou que
duas CPIs sobre o mesmo assunto poderiam ser instaladas.
Na sexta-feira passada, a
oposição apresentou o requerimento para uma CPI mista. Porém, disse que só aceitaria
compor a comissão se obtivesse
um dos postos de comando. O
requerimento da CPI mista será lido hoje por Garibaldi, ato
que marca sua criação formal.
Até anteontem, a proposta de
uma comissão no Senado era só
uma hipótese. O próprio Virgílio chegou a admitir que aceitaria os nomes indicados pelo governo. Pressionado pelo DEM,
mudou de idéia. "Agora não há
mágica que nos negue uma posição de comando."
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
chegou a se comprometer com
o presidente do PSDB, senador
Sérgio Guerra (PE), a tentar
convencer a base aliada a ceder.
"Vou levar essa tese [da divisão de poder da CPI] ao ministro José Múcio [Relações Institucionais] na reunião que teremos no Planalto amanhã [hoje]", disse Jucá, pela manhã.
Contudo, ao longo do dia, Jucá não conseguiu convencer
outros integrantes da base a dividir o comando da CPI. "Os tucanos nunca cederam uma vaga
para a gente", disse o líder do
governo na Câmara, Henrique
Fontana (PT-RS). "Ceder não é
posição do governo. É uma posição do Jucá", disse o senador
Tião Viana (PT-AC).
À tarde, a paciência da oposição se esgotou. "Cansamos da
conversa fiada do governo",
disse Virgílio. O presidente do
DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse
que quanto "mais investigações, melhor", mas admitiu que
a apresentação de uma CPI do
Senado pode ser uma estratégia
para conseguir um posto de comando na CPI mista. "Apresentaram a CPI para existir ou
para pressionar?", questionou.
O preenchimento das vagas
em CPIs tem de ser proporcional à composição das bancadas.
Por isso PMDB e PT, respectivamente as maiores bancadas
no Senado e na Câmara, têm o
direito de ficar com o comando.
O senador Neuto de Conto
(PMDB-SC) e o deputado Luiz
Sérgio (PT-RJ) foram os indicados para os cargos de presidente e relator.
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