São Paulo, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

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Oposição muda tática e quer CPI no Senado

Objetivo é pressionar governo a dividir o comando na comissão mista, criada para investigar gastos com cartão corporativo

Partidos aliados se recusam a ceder à oposição relatoria ou presidência da CPI mista; em represália, PSDB e DEM articularam outra comissão

ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição mudou de estratégia de novo ontem e apresentou requerimento para a criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) formada só por senadores, o que lhe garantirá automaticamente uma das vagas de comando na comissão (presidência ou relatoria).
O objetivo é pressionar ainda mais o governo, que não aceita ceder um desses postos na CPI mista (composta por deputados e senadores) que deve ser formalizada hoje.
Com 30 assinaturas, o requerimento foi anunciado em plenário pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), depois que o presidente do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), informou que duas CPIs sobre o mesmo assunto poderiam ser instaladas.
Na sexta-feira passada, a oposição apresentou o requerimento para uma CPI mista. Porém, disse que só aceitaria compor a comissão se obtivesse um dos postos de comando. O requerimento da CPI mista será lido hoje por Garibaldi, ato que marca sua criação formal.
Até anteontem, a proposta de uma comissão no Senado era só uma hipótese. O próprio Virgílio chegou a admitir que aceitaria os nomes indicados pelo governo. Pressionado pelo DEM, mudou de idéia. "Agora não há mágica que nos negue uma posição de comando."
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), chegou a se comprometer com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a tentar convencer a base aliada a ceder.
"Vou levar essa tese [da divisão de poder da CPI] ao ministro José Múcio [Relações Institucionais] na reunião que teremos no Planalto amanhã [hoje]", disse Jucá, pela manhã.
Contudo, ao longo do dia, Jucá não conseguiu convencer outros integrantes da base a dividir o comando da CPI. "Os tucanos nunca cederam uma vaga para a gente", disse o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). "Ceder não é posição do governo. É uma posição do Jucá", disse o senador Tião Viana (PT-AC).
À tarde, a paciência da oposição se esgotou. "Cansamos da conversa fiada do governo", disse Virgílio. O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que quanto "mais investigações, melhor", mas admitiu que a apresentação de uma CPI do Senado pode ser uma estratégia para conseguir um posto de comando na CPI mista. "Apresentaram a CPI para existir ou para pressionar?", questionou.
O preenchimento das vagas em CPIs tem de ser proporcional à composição das bancadas. Por isso PMDB e PT, respectivamente as maiores bancadas no Senado e na Câmara, têm o direito de ficar com o comando. O senador Neuto de Conto (PMDB-SC) e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) foram os indicados para os cargos de presidente e relator.


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