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Sem provas, PSOL acusa Yeda de prática de caixa 2 e desvios
Partido diz que vídeos revelam envolvimento direto de governadora no caso Detran
Acusações surgem dois dias após morte de ex-secretário da tucana; empresário teria entregue fitas em acordo de delação; Justiça não confirma
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem apresentar provas, o
PSOL afirmou ter tido acesso a
vídeos e áudios que mostram a
prática de caixa dois na campanha do PSDB ao governo gaúcho e o envolvimento direto da
governadora Yeda Crusius no
desvio de dinheiro do Detran.
As alegações foram apresentadas ontem, em entrevista coletiva, por dois dirigentes do
PSOL, a deputada federal Luciana Genro (RS) e Pedro Ruas,
advogado do partido e vereador
de Porto Alegre, que afirmam
ter visto os vídeos. O partido
formalizou as acusações ao Tribunal de Contas do Estado.
Luciana e Ruas não explicaram como tiveram acesso ao
material. Dizem que ele foi entregue à Justiça Federal pelo
ex-coordenador da campanha
de Yeda ao governo, Lair Ferst,
como parte de acordo de delação premiada. Ferst é um dos
33 réus na ação sobre o desvio
de R$ 44 milhões do Detran.
A Justiça Federal não confirmou a existência dos vídeos
nem da delação premiada de
Ferst. A assessoria da juíza Simone Fortes, que está em licença, afirmou que as evidências citadas pelo PSOL não fazem parte do processo, mas não
respondeu se estariam inseridas em outra investigação de
caráter sigiloso. O Ministério
Público Federal, via assessoria,
afirmou desconhecer os vídeos
e o suposto acordo com Ferst.
Em agosto de 2008, em entrevista à Folha, Ferst afirmou
que estava negociando com
procuradores e com a Justiça
implicar integrantes e ex-integrantes do primeiro escalão do
governo gaúcho, além de pessoas com foro privilegiado, em
troca da retirada de parte das
acusações contra ele.
Segundo Ruas, as gravações
foram feitas por Ferst. Quatro
vídeos, diz o PSOL, referem-se
a reuniões em que empresários
teriam entregue R$ 1,4 milhão
a tucanos antes da eleição de
2006. O valor não teria sido declarado à Justiça Eleitoral. Yeda estaria presente na ocasião
em que, segundo o PSOL, o deputado José Otávio Germano
(PP) deu R$ 400 mil à campanha tucana no segundo turno.
Morte
Esse encontro -que foi gravado, de acordo com o PSOL-
teria sido presenciado por
Ferst e pelo ex-secretário Marcelo Cavalcante, 41, que foi encontrado morto em Brasília na
terça-feira em circunstâncias
ainda não esclarecidas.
Demitido no auge da crise do
governo, no ano passado, seu
corpo foi encontrado no lago
Paranoá -ele havia desaparecido no sábado. Em análise preliminar, a polícia afirmou que o
corpo do ex-chefe do escritório
do governo gaúcho em Brasília
não apresentava sinais de violência. As linhas de investigação são suicídio e assassinato.
Ontem, após o enterro, a mulher de Cavalcante, Magda
Koenigkan, afirmou ao jornal
"Zero Hora" que seu marido
daria um depoimento ao Ministério Público Federal no dia
27. Ela confirmou que a governadora havia convidado Cavalcante a retornar ao governo -o
que ele não teria aceitado.
Segundo o PSOL, em outra
reunião em que teriam sido entregues R$ 500 mil doados por
uma empreiteira, estariam presentes, além de Ferst e Cavalcante, o marido de Yeda, Carlos
Crusius, e o ex-secretário de
governo da Prefeitura de Canoas Francisco Fraga (PSDB).
Ruas afirmou ainda que seu
partido teve acesso a outros vídeos que mostrariam o ex-secretário de Fazenda Aod Cunha
em reuniões para a captação de
R$ 500 mil com empreiteira e
empresas do setor de tabaco.
Outra acusação teve como alvo a compra de uma casa pela
tucana em dezembro de 2006.
Segundo o PSOL, outros dois
vídeos revelam que teriam sido
entregues mais R$ 400 mil em
dinheiro não declarado para
complementar os R$ 750 mil
que constam no contrato.
Investigações sobre a compra da casa foram arquivadas
pelo Ministério Público Estadual. Resta ainda ação no TCE.
Segundo o procurador-geral do
Ministério Público de Contas,
Geraldo Da Camino, o eventual
surgimento de fatos novos
-devidamente comprovados-
podem influir no processo.
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