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SALÁRIO MÍNIMO
Para equipe econômica, valor aumentaria inflação em 0,54%
R$ 160 tira dois milhões da pobreza, diz estudo
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O reajuste do salário mínimo
para R$ 160, correspondente a um
aumento real de 10%, será suficiente para tirar da pobreza 2,07
milhões de brasileiros. Os beneficiários potenciais da medida representam 4,5% dos 46 milhões
de pobres -aqueles que têm renda mensal inferior a R$ 70.
Esse é o resultado do estudo
""Salário Mínimo, Previdência e
Pobreza", do economista Marcelo
Neri, da Fundação Getúlio Vargas. Seu trabalho é a principal referência do impacto social do reajuste do salário mínimo.
Na simulação de Neri, o maior
percentual de redução da pobreza
é verificado justamente entre os
12 milhões de aposentados e pensionistas da Previdência cujos benefícios equivalem ao mínimo.
Nas contas da equipe econômica, é esse mesmo grupo o maior
responsável pela ameaça ao equilíbrio das contas públicas.
Os números do grupo sustentam a defesa de um mínimo de R$
150. Um reajuste de 10,29%. O Orçamento para 2000, que garante
um reajuste de apenas 5,66% (para R$ 143,70), inferior à inflação, é
o principal parâmetro da equipe.
Reajustes acima disso teriam
um impacto bilionário no Orçamento e ainda maior no período
de 12 meses a partir de maio. O
gasto extra atingiria R$ 8,247 bilhões, caso o governo optasse por
reajustar o mínimo para o equivalente a US$ 100.
O cálculo de impacto fiscal consolidado pelo Ministério da Fazenda contabiliza os gastos extras
com o pagamento de aposentadorias e pensões da Previdência Social, do seguro-desemprego e dos
benefícios da Loas (Lei Orgânica
da Assistência Social).
Mesmo que o mínimo fique em
R$ 160, como prevê a hipótese traçada pelo economista Marcelo
Neri, a equipe econômica prevê
um resultado desastroso: R$ 2,952
bilhões somente em 2000.
O aumento para R$ 160 também
aumentaria a inflação em 0,54%,
comprometendo as metas do governo, segundo o ministro Martus Tavares (Planejamento).
O presidente FHC, que já ameaçou vetar um reajuste do mínimo
para o equivalente a US$ 100, comanda as negociações para dar
um aumento real. Publicamente,
diz que o mínimo terá o reajuste
máximo possível, respeitando as
restrições de gastos do governo.
""O importante é levar em conta
os dois lados -o fiscal e o social",
defende o economista Marcelo
Neri. Neri defende um aumento
real ""cauteloso" que não seja estendido aos aposentados e pensionistas que ganham mais do
que o mínimo. Ou seja, deixando
de fora mais de 6,5 milhões de beneficiários da Previdência Social.
Chefe do Centro de Pesquisas
Sociais do Instituto de Economia
da FGV, Marcelo Neri recomenda
o seguinte no debate do mínimo:
1) Apesar do efeito incontestável na redução da pobreza, o aumento do mínimo tem outros
efeitos, como o aumento do desemprego e de mais trabalhadores
sem carteira assinada;
2) o perfil dos pobres no Brasil
mostra que são as crianças (e não
os idosos aposentados) quem têm
a renda per capita mais baixa.
Portanto, um programa de renda
mínima que exigisse a frequência
de crianças em escolas como contrapartida, por exemplo, tem um
efeito potencial maior do que o
aumento do mínimo.
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