São Paulo, terça-feira, 20 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Cavalo selado

Diante da reação irada do PR à perspectiva de perder um pedaço dos Transportes para o PSB, que ganharia a feita-sob-medida Secretaria de Portos, voltou a circular uma solução que havia sido posta de lado no movimento de peças da reforma: tirar Waldir Pires da Defesa. Isso permitiria deixar o PR com um ministério "inteiro", como gostam de dizer seus líderes, e, ao mesmo tempo, ter um posto à mão para amansar o PSB, infeliz por ter perdido a Integração Nacional para o PMDB. Ao longo dos últimos meses, Lula ofereceu toda sorte de argumento para preservar Pires -até a viuvez recente do ministro. Mas há quem avalie que o novo fim de semana de caos nos aeroportos minou a resistência do presidente.

Fatos da vida 1. No encontro em que convidou Marta Suplicy para o Turismo, Lula disse entender perfeitamente que a nova ministra não terá como deixar de concorrer à Prefeitura de São Paulo no ano que vem.

Fatos da vida 2. Depois de meses de conversa sobre a alegada indisposição de Lula para instalar pré-candidatos no ministério, o presidente terminou com pelo menos dois na equipe: além de Marta, Luiz Marinho (Trabalho), que disputará a Prefeitura de São Bernardo. Isso se Miguel Rossetto, que pretende concorrer em Porto Alegre, não acabar voltando para o Desenvolvimento Agrário.

Nem pensar. Só quem não conhece Marta Suplicy imagina que a ex-prefeita desembarcará na Esplanada distribuindo cotoveladas nos colegas e criando embaraços para Lula. Para tristeza de seus desafetos, Marta não tem a menor vocação para o suicídio.

Aluguel. Pós-Balbinotti, um peemedebista defende que a bancada na Câmara se dê por satisfeita por ter conseguido dois ministérios e deixe Lula cem por cento à vontade para escolher o deputado que ocupará a Agricultura: "É a hora de botar a barriga à disposição do presidente".

Nas bases. Além de passar um pente fino na biografia de seus pré-candidatos à Agricultura, líderes do PMDB consultaram entidades ruralistas para checar se haveria resistência a algum deles.

Entrou água. O deputado Maurício Quintella (AL), que trocou o PSB pelo PR com a perspectiva de controlar o porto de Maceió, queixou-se da sorte a aliados: a área pode migrar justamente para as mãos de sua antiga sigla.

Pró-fumo. A tucana Yeda Crusius aparece na capa de um informativo da Souza Cruz, com declarações elogiosas à indústria tabagista. "A visão de futuro da Souza Cruz é a mesma que a nossa", diz em entrevista a governadora do Rio Grande do Sul.

Caixa-preta 1. Técnicos da liderança do PFL na Câmara preparam um cruzamento da lista de empresas que mantêm contratos com a Infraero e de suas doações para campanhas na eleição passada.

Caixa-preta 2. Segundo análise preliminar dos dados, ao menos duas empreiteiras que atuam na reforma de Congonhas fizeram doações para candidatos do PT.

É guerra. Caso não consiga tirar do papel a CPI do Apagão Aéreo na Câmara, a oposição tentará abrir uma CPI mista. O script é o mesmo da que investigará as ONGs no Senado: utilizar documentos do Tribunal de Contas da União para emparedar o governo.

Cursinho. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), programou uma série de debates sobre assuntos polêmicos com o objetivo de preparar sua bancada para enfrentar a oposição na nova legislatura. "Aqui só tem cobra criada. No primeiro mandato, ficamos só na defensiva", diz. O primeiro seminário será hoje, sobre energia, com a presença do ministro Silas Rondeau.

Tiroteio

Lula disse que não brinca com saúde e educação, mas resolveu fazer roleta russa com milhões de pessoas, sujeitando-as a humilhações e riscos nos aeroportos.


Do deputado ACM NETO (PFL-BA), sobre o novo episódio da crise que se arrasta há quase seis meses nos aeroportos brasileiros.

Contraponto

Alto nível

Em acalorado debate na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Jutahy Jr. (PSDB-BA) tentava demolir uma proposta que cria zonas econômicas especiais, áreas supostamente destinadas à exportação e que se beneficiam de legislação flexibilizada.
-Isso é dar poder ao porteiro da boate!-, disse Jutahy.
-Que absurdo! Onde já se viu comparar o governo a um bordel?-, reagiu José Pimentel (PT-CE).
-Eu disse boate, que é diferente de bordel...
-É tudo a mesma coisa-, respondeu, irritado, o petista.
-Então é porque deve ter gente do seu governo freqüentando a boate errada-, concluiu o tucano.


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