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Ministro do STF diz que MPs são "roleta russa"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Gilmar Mendes
disse que o Congresso vive uma
"crise decisória" e que, por isso,
o governo precisa editar medidas provisórias, mas defendeu
mudança nas normas sobre
MPs. Segundo ele, que foi advogado-geral da União no governo do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, o modelo
atual é como "uma roleta russa
com todas as balas no revólver"
por causa do trancamento que
ele provoca na pauta.
Para ele, "há toda uma inércia da burocracia que pede a
edição de MPs".
Durante a sabatina no Senado, Mendes também defendeu
o foro privilegiado e lei rigorosa
contra vazamento de informações sigilosas de apurações em
curso. Sobre o foro privilegiado, disse que é "uma garantia da
governabilidade". "Não imagino que o presidente Lula teria
condições de sair pelo Brasil
afora se não fosse a prerrogativa de foro. Teria de dar depoimentos em todas as delegacias.
Não é isso que queremos." O
presidente só pode ser processado e julgado pelo STF.
Após a sabatina, ele citou a
hipótese de Lula responder por
crimes eleitorais. "Se fosse acusado de crime eleitoral, responderia perante juiz eleitoral e teria de ir a delegacias."
O ministro negou que o foro
privilegiado favoreça a impunidade e citou a decisão do STF
de abrir a ação penal do mensalão contra os 40 denunciados.
Mendes fez restrições à proposta de impedir que políticos
com antecedentes criminais
disputem eleições. "Como iremos distinguir o contumaz infrator do político que responde
a uma ação motivada por acusação de um adversário?", indagou. "Produziríamos uma hecatombe política. Todas as pessoas acabariam atingidas."
Mendes disse que a publicação pela imprensa de dados sigilosos sem identificação da
origem torna essa proibição
"letra morta". Indagado se defende que jornalistas percam o
direito de sigilo da fonte, disse:
"Lamento que servidores públicos se valham de autorização
judicial [de escuta telefônica]
para violar de forma clara as regras legais. Quanto à responsabilidade da imprensa, podemos
discutir em outra oportunidade".
(SF)
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