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Interpol põe Maluf entre os procurados por fraude e roubos
Defesa diz que, por integrar o Legislativo, uma eventual prisão do deputado a pedido de Estado estrangeiro viola a soberania brasileira
Maluf foi condenado pela Justiça de Nova York por ter usado agência daquela cidade para depositar dinheiro desviado de obra
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado federal Paulo
Maluf (PP-SP) poderá ser preso
se deixar o Brasil. A Interpol
voltou a incluir o nome do ex-prefeito de São Paulo e de seu
filho Flávio Maluf num sistema
de difusão internacional chamado "alerta vermelho". Maluf
aparece na página da Interpol
na internet como "procurado"
por duas condenações nos
EUA: fraude e roubos.
O advogado de Maluf, José
Roberto Batochio, diz que a
eventual prisão a pedido de um
Estado estrangeiro viola a soberania brasileira porque ele
integra um dos Poderes do país
-o Legislativo. "Numa comparação extrema, seria como o
Fausto [Martin de Sanctis, juiz
federal brasileiro] decretar a
prisão da Hillary Clinton."
Maluf foi condenado pela
Justiça de Nova York pelo crime de "conspiração em quarto
grau" por ter usado uma agência bancária naquela cidade para depositar dinheiro desviado
das obras da avenida Água Espraiada, feita durante o período
em que foi prefeito de São Paulo (1993-1996).
Parte desse dinheiro foi usada para fazer compras nos EUA
-entre as quais a de dois relógios antigos num leiloeiro- e
parte foi remetida à ilha de Jersey, ao lado da Inglaterra.
Segundo a decisão da Justiça
de Nova York, uma agência do
Safra National Bank na Quinta
Avenida recebeu US$ 11,7 milhões, que foram desviados durante a abertura da avenida
Água Espraiada, depois rebatizada de Roberto Marinho.
A conta, chamada Chanani,
era operada pelo doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigui. Os US$ 11,7 milhões foram
depositados em 15 transferências, realizadas entre janeiro e
agosto de 1998.
Maluf voltou a figurar como
procurado pela Interpol depois
de ter rompido uma negociação
com a Promotoria de Nova
York, segundo a Folha apurou.
O promotor que fez a investigação sobre Maluf em Nova
York, Adam Kaufmann, disse a
colegas brasileiros que foi enganado pelo político brasileiro
na negociação de um acordo
que transformaria a condenação em pagamento de multa.
Durante a negociação, um
dos advogados de Maluf em
Nova York, Eric Lewis, do escritório Baach, Robinson & Lewis, conseguiu suspender o pedido de prisão de Maluf para
que ele passasse o Réveillon de
2008 para 2009 na Itália. O
promotor diz que suspendeu o
pedido de prisão num gesto de
boa vontade.
À época, o advogado de Maluf sinalizou que ele toparia pagar de US$ 13 milhões a US$ 15
milhões para o condado de Nova York e US$ 2 milhões para a
Promotoria.
Após passar o Réveillon na
Itália, os advogados de Maluf
abandonaram a negociação.
Esse tipo de manobra é comum
no Brasil, mas nos EUA é encarada como uma ofensa grave.
O advogado de Maluf confirma que houve a negociação,
mas diz que ela foi interrompida porque a Promotoria queria
"muito dinheiro".
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