São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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"É hábito', diz Andrade Vieira

da Sucursal de Brasília

O senador José Eduardo Andrade Vieira (PR), presidente do PTB, disse ontem que o deputado José Borba (PTB) não merece ser "sacrificado" por uma "coisa menor". Segundo ele, um deputado votar por outro "é um hábito na Câmara".
Durante entrevista coletiva a jornais e TVs, o senador falou que a prática do "pianismo" é comum entre os deputados. Antes, avisou que iria falar em "off" (informação de fonte que se mantém anônima) -mas não consultou se os repórteres presentes aceitariam conversar em "off".
"Em "off', isso é comum na Câmara", afirmou Vieira, diante de câmaras de TV e gravadores ligados. De acordo com o senador, a Câmara deveria "ter um processo de votação que dificultasse essa prática".

Mais rigor
Vieira disse que o episódio não poderia ter acontecido no Senado. "No Senado, há mais rigor nas votações. O plenário é menor, o que facilita a fiscalização."
O senador também criticou o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). "O presidente da Câmara, em vez de paralisar a votação e apurar a denúncia, mandou filmar."
"Não podemos, por uma coisa menor, sacrificar o mandato de um parlamentar que sempre agiu corretamente, que sempre procedeu com seriedade", afirmou. O senador classificou de "deslize" o fato de Borba ter votado pelo deputado Valdomiro Meger (PFL-PR).
A Executiva do PTB irá analisar a situação do deputado José Borba na próxima semana. Vieira já antecipou que não considera o caso grave. "Eu não vou condená-lo antecipadamente", disse.

Elogios
Na entrevista, o senador elogiou Borba todo o tempo. "Como coordenador da bancada, ele é muito leal aos companheiros, muito prestativo, muito solícito e isso pode ter contribuído (para a prática de "pianismo')."
O presidente do PTB comparou o fato ao caso dos estudantes que, no ano passado, atearam fogo ao índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, que morreu em consequência das queimaduras.
De acordo com Vieira, se o caso do índio pataxó não foi considerado "doloso" pela Justiça, o episódio do "pianismo" é "muito menor".



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