São Paulo, Sábado, 20 de Março de 1999
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PLANALTO
Presidente afirma que não faltarão recursos para a área social
FHC ataca "cassandras" e diz que combaterá inflação

da Sucursal de Brasília


O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que, "para decepção das cassandras", já estão dando resultado as ações do governo no combate à inflação.
"Deixem a inflação conosco. Vamos combatê-la. Estamos combatendo. Já está dando resultado, para decepção das cassandras", disse FHC em cerimônia pelo primeiro ano de funcionamento do fundo de valorização do magistério, o Fundef, no Palácio do Planalto.
Cassandra é uma personagem da mitologia grega que se caracteriza por fazer previsões pessimistas nas quais ninguém acredita, mas que sempre acabam se concretizando.

Recessão
O presidente comemorou a queda da inflação, mas não mencionou o fato de que ela ocorreu, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), por causa da recessão.
A Fipe estima para março uma inflação de 0,8%, contra uma previsão inicial de 1,5%.
Em seu discurso, o presidente fez uma segunda referência às cassandras. "O Brasil, em dez anos, nessa área (ensino básico) será outro. Nós estamos vendo o efeito de um ano. É claro que as cassandras de sempre vão pegar um dado aqui e ali para dizer: ah, mas em 99 não vai crescer, tem a crise, a inflação", afirmou o presidente.
Em novembro passado, Fernando Henrique já havia chamado seus adversários de cassandras. Na época, criticou "os opiniáticos internacionais" que previam um cenário recessivo para o país.
FHC disse que o governo deve estar prevenido "quanto ao escândalo" de se usar números isolados relativos às atividades desenvolvidas neste ano e transformá-los "num brado de alerta".
"É até bom que haja brados de alerta. Mas é preciso que não haja desestímulo constante e essa imagem de que o país não é capaz de sair do círculo de giz do atraso e da sua incapacidade de avançar", afirmou o presidente.
"Não é verdadeiro esse círculo de giz. Não estamos num círculo de giz. Estamos avançando, estamos melhorando", disse.
O presidente voltou a afirmar, porém, que 99 será "um ano difícil". Fernando Henrique disse que não faltarão recursos públicos "para o que é essencial na assistência à população".
Ele reafirmou também que "há muito recurso público desperdiçado" e que "o objetivo de um governo não é gastar, é atender a população e gastar bem".

Compensação
O presidente usou o exemplo da compensação obtida pelo Fundef para justificar os cortes feitos no Orçamento da União em alguns programas sociais, como o do transporte escolar.
Os cortes no orçamento da área social têm sido uma das principais críticas feitas ao governo em 98.
"Não é preciso que a verba de transporte escolar, do Ministério da Educação, aumente. Pode até diminuir. (...) Ela pode estar diminuindo no Orçamento, aparentemente, porque foi compensada pela ação de outro programa", afirmou o presidente.


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