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DEBATE
Eleição direta no TJ e unificação de tribunais no Estado de São Paulo são temas de encontro promovido pela Folha
Mudanças em tribunal dividem Judiciário
da Reportagem Local
Debate promovido pela Folha indicou que
não há consenso
sobre duas
emendas à
Constituição de
São Paulo que
modificam a estrutura e o processo eleitoral da Justiça do Estado.
As emendas -uma estabelece a
eleição direta para os principais
cargos do Tribunal de Justiça (TJ)
e a outra unifica os quatro tribunais superiores do Estado- dividem o Judiciário paulista.
A maioria dos juízes de primeira
instância e dos tribunais de alçada
é favorável às mudanças. O TJ as
considera inconstitucionais e
ameaça não cumpri-las.
Divisão semelhante a essa foi verificada no debate "Mudanças na
Justiça estadual", realizado na
quarta-feira à noite na Folha, com
o desembargador Francisco de Assis Vasconcellos Pereira da Silva,
do TJ de São Paulo; o juiz José Renato Nalini, do Tribunal de Alçada
Criminal; o juiz Dyrceu Cintra, do
2º Tribunal de Alçada Civil e presidente da Associação Juízes para a
Democracia; e o ex-presidente da
seccional paulista da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) José
Eduardo Loureiro.
Das duas emendas em discussão,
uma, a de número 5, já foi aprovada pela Assembléia Legislativa. Ela
estabelece a eleição direta, pelos
cerca de 1.600 juízes vitalícios do
Estado, para os cargos de presidente, vice-presidente e corregedor do TJ. Hoje só votam os 132 desembargadores do tribunal (leia
texto nesta página).
Mas a emenda que provocou a
divisão mais nítida entre os integrantes da mesa foi a de número 7,
que unifica os quatro tribunais superiores do Estado no TJ. Está em
tramitação na Assembléia.
A unificação foi defendida por
Nalini e Cintra e criticada por Pereira da Silva e Loureiro, que a consideraram inconstitucional. A
emenda mantém um único tribunal no Estado, que incorporaria os
206 juízes que hoje atuam nos três
tribunais de alçada. O TJ passaria a
ter 338 desembargadores.
Os defensores da mudança afirmaram que ela trará economia de
recursos, melhor divisão de processos entre os juízes e fim das dúvidas sobre qual tribunal deve julgar determinadas matérias (conflito de competência).
"Nós vamos poder eliminar três
presidências, quatro vice-presidências, secretarias-gerais e diretorias de departamentos, que os
senhores não sabem como são
aparatosas", disse Nalini, 53.
Cada tribunal possui autonomia
administrativa e financeira.
O argumento da melhor divisão
de processos é baseado no número
de recursos que aguardam distribuição nos quatro tribunais de São
Paulo. O Tribunal de Alçada Criminal é o que está em melhor situação, com 3.020 processos represados. O pior cenário é o do Tribunal de Justiça, onde há 60.500 recursos à espera de distribuição.
Com a unificação, esses processos seriam distribuídos de forma
mais equilibrada entre os 338 desembargadores que passariam a
integrar o TJ, disse Nalini.
Pereira da Silva, 69, e Loureiro,
71, sustentaram que esse problema
pode ser resolvido com a mudança
na competência dos tribunais.
Ambos defenderam mudança
exatamente oposta à pretendida
pela emenda: a criação de novos
tribunais de alçada no Estado e não
a extinção dos existentes.
A criação de cinco novos tribunais, que teriam caráter regional, já
está prevista em uma mensagem
que o Tribunal de Justiça encaminhou à Assembléia Legislativa.
Para Loureiro, a emenda não resolveria a morosidade do Judiciário. "Ao reunir em um só órgão os
tribunais existentes, ela nada mais
faz que transportar o mesmo número de processos para o mesmo
número de julgadores."
Silva acrescentou que as dúvidas
sobre quem deve julgar determinados processos continuariam a
existir dentro no novo TJ. "O tribunal teria de ser separado em diversas seções, cada uma com a sua
competência", afirmou.
Segundo Cintra, 43, o problema
poderia ser resolvido com a manutenção das três seções básicas que
o TJ possui hoje: direito privado,
direito criminal e direito público.
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