São Paulo, sábado, 20 de abril de 2002

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ELEIÇÃO ENGESSADA

Roberto Freire, do PPS, afirma que não foi avisado de arranjo feito para formação de chapa no Sul

Petebista anuncia acordo para salvar Ciro

Teresa Maia/"Diário de Pernambuco"
O presidenciável Ciro Gomes abraça o senador Roberto Freire (PPS-PE), que completa hoje 60 anos


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez, afirmou ontem, em Recife (PE), que o candidato a governador da Frente Trabalhista (PPS, PTB e PDT) no Rio Grande do Sul será o vereador José Fortunati (PDT).
Segundo Martinez, a chapa no Sul terá ainda como candidatos ao Senado o deputado Sérgio Zambiasi (PTB) e o senador José Fogaça (PPS).
De acordo com Martinez, o ex-governador Antônio Britto (PPS), pivô de uma crise que ameaça a manutenção da aliança, vai disputar uma vaga na Assembléia Legislativa.
A chapa foi negociada pelas lideranças nacionais do PDT e PTB, sem a participação do PPS. Demonstrando solidariedade em relação aos pedetistas, o PTB pretende ganhar tempo até que seja encontrada uma solução que não inviabilize a frente de apoio ao presidenciável Ciro Gomes (PPS).
Roberto Freire, presidente nacional do PPS, disse que não havia sido comunicado sobre a chapa. "Não sei se o PPS decidiu isso", afirmou. "Se decidiu, ótimo, mas não posso afirmar."
Britto declarou ontem que estava sendo informado pela Agência Folha sobre o acordo. ""Esqueceram-se de combinar comigo. Estou sozinho comigo mesmo, pensando, fora de Porto Alegre."
Apontado com o mais viável pré-candidato da frente no Estado, Britto se transformou no pivô da crise quando teve seu nome vetado pelo presidente do PDT, Leonel Brizola.

Oposição local
Líderes do PPS no Rio Grande do Sul dizem não pretender aceitar Fortunati, que tem demonstrado pouca viabilidade eleitoral. Afirmam ainda que o problema está ""bem longe" de ser resolvido, já que, a sobrevivência do partido no Estado depende da escolha de um candidato ao governo viável.
Integrantes da cúpula da frente declaram que o impasse está na ""intransigência" de Freire, que não aceita cumprir o acordo que teria dado ao PDT o direito de indicar o candidato gaúcho.
Mas o PTB do Rio Grande do Sul também demonstrou contrariedade com a imposição de Fortunati por sua cúpula nacional. Na tentativa de solucionar o caso, lideranças locais da legenda pretendem sugerir que as bases dos três partidos sejam ouvidas antes de uma definição.
Pouco antes de Martinez anunciar a chapa, Freire afirmou que o problema no Rio Grande do Sul era "grande", mas que buscaria a unidade sem impor nomes e sem aceitar imposições.
"Não vou ficar fazendo política por meio de ameaça", disse Freire, referindo-se às insinuações de Brizola de que o partido poderia abandonar a frente se não indicasse o candidato gaúcho. "Trabalho pela unidade e esse assunto deve ser resolvido no Estado."
A escolha de Fortunati como candidato a governador representaria uma vitória de Brizola, que é inimigo político de Britto.
Com a adesão do PTB, o PDT aumentou a pressão sobre o PPS, que terá de aceitar o acordo para não agravar ainda mais a crise.
Martinez negou que a decisão tenha sido tomada à revelia do PPS. Segundo o petebista, o próprio Antônio Britto participou de almoços e jantares em que o assunto foi discutido.
O presidente do PTB disse que o ex-governador "não queria disputar nada, mas como tem alguns companheiros que precisam de ajuda na legenda, será candidato a deputado estadual".
Martinez também entrou em rota de colisão com o PPS ao afirmar que seu partido tem a preferência para a escolha do pré-candidato a vice de Ciro. Disse que poderia ceder o cargo para "compor grandes alianças com o objetivo de ganhar a eleição".
Freire negou que o partido tenha essa preferência. "Por ser o primeiro partido a se aliar, o PTB será um instrumento importante de avaliação, mas não de decisão", declarou. "O alto comando da frente é que vai decidir."


Colaborou a Reportagem Local



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