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CASO JERSEY
Prefeita aponta manipulação por parte da defesa do ex-prefeito
Marta "conserta" ofício pró-Maluf
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), enviou ontem à noite uma carta ao Ministério Público Estadual para tentar consertar
os estragos causados pelo ofício,
encaminhado na última terça-feira, em que disse não haver "provas conclusivas" de supostas irregularidades praticadas pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PPB).
Falando em "manipulação" do
documento, Marta disse na carta
ao procurador-geral de Justiça,
Luiz Antônio Marrey, que em nenhum momento isentou o ex-prefeito "das acusações de corrupção que pesam contra ele".
A afirmação de Marta é uma
resposta à intenção declarada pela
defesa de Maluf de usar o documento da prefeitura na Justiça,
com o objetivo de alegar inocência de seu cliente.
O polêmico ofício era uma recusa ao pedido do promotor Silvio
Marques para que a prefeitura nomeasse um advogado em Genebra para acompanhar o processo
que envolve Maluf. Marques apura o suposto superfaturamento de
obras na gestão do ex-prefeito
(1993-96) e a origem dos US$ 200
milhões depositados na ilha de
Jersey em nome da família Maluf.
Na recusa inicial, a assessoria jurídica da prefeita informou que
não contrataria um advogado
"ante a carência de provas conclusivas (...) do desvio de dinheiro ao
exterior" e "da origem municipal
do dinheiro". Um dia depois, a secretária de Negócios Jurídicos,
Anna Emília Cordelli Alves, disse
que seu parecer foi "deturpado" e
que a responsabilidade de nomear um advogado na Suíça é da
União porque se trata de crime federal (lavagem de dinheiro).
Foi essa a explicação sustentada
por Anna Emília no parecer enviado ontem a Marrey. "Tem a
União não só o interesse, mas a
obrigação legal de apurá-lo, dispondo para tanto dos mecanismos próprios por meio da Receita
Federal e do Banco Central."
Sobre a "ausência de provas
conclusivas", a secretária mudou
a versão anterior: "Em caráter definitivo -e para que não se tente
forjar defesa através de meios
condenáveis-, nosso parecer
não avalia provas nem ingressa
no mérito das investigações".
"Novo equívoco"
Para o promotor Silvio Marques, a nova carta da prefeita
Marta apenas reitera o equívoco
cometido no primeiro ofício.
"Pela legislação suíça, a prefeitura, não a União, é vítima do procedimento contra Maluf. Nossas
investigações apontam para o
desvio de dinheiro dos cofres
paulistanos. O que queremos é
que o dinheiro desviado volte para os cofres municipais", declarou
Silvio, que disse lamentar, "mais
uma vez", a decisão de Marta.
O advogado de Maluf, Ricardo
Tosto, disse que vai usar o ofício
de Marta na Justiça para reforçar
a defesa do ex-prefeito: "É um parecer jurídico, não político".
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