São Paulo, sábado, 20 de abril de 2002

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CASO JERSEY

Prefeita aponta manipulação por parte da defesa do ex-prefeito

Marta "conserta" ofício pró-Maluf

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), enviou ontem à noite uma carta ao Ministério Público Estadual para tentar consertar os estragos causados pelo ofício, encaminhado na última terça-feira, em que disse não haver "provas conclusivas" de supostas irregularidades praticadas pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PPB).
Falando em "manipulação" do documento, Marta disse na carta ao procurador-geral de Justiça, Luiz Antônio Marrey, que em nenhum momento isentou o ex-prefeito "das acusações de corrupção que pesam contra ele".
A afirmação de Marta é uma resposta à intenção declarada pela defesa de Maluf de usar o documento da prefeitura na Justiça, com o objetivo de alegar inocência de seu cliente.
O polêmico ofício era uma recusa ao pedido do promotor Silvio Marques para que a prefeitura nomeasse um advogado em Genebra para acompanhar o processo que envolve Maluf. Marques apura o suposto superfaturamento de obras na gestão do ex-prefeito (1993-96) e a origem dos US$ 200 milhões depositados na ilha de Jersey em nome da família Maluf.
Na recusa inicial, a assessoria jurídica da prefeita informou que não contrataria um advogado "ante a carência de provas conclusivas (...) do desvio de dinheiro ao exterior" e "da origem municipal do dinheiro". Um dia depois, a secretária de Negócios Jurídicos, Anna Emília Cordelli Alves, disse que seu parecer foi "deturpado" e que a responsabilidade de nomear um advogado na Suíça é da União porque se trata de crime federal (lavagem de dinheiro).
Foi essa a explicação sustentada por Anna Emília no parecer enviado ontem a Marrey. "Tem a União não só o interesse, mas a obrigação legal de apurá-lo, dispondo para tanto dos mecanismos próprios por meio da Receita Federal e do Banco Central."
Sobre a "ausência de provas conclusivas", a secretária mudou a versão anterior: "Em caráter definitivo -e para que não se tente forjar defesa através de meios condenáveis-, nosso parecer não avalia provas nem ingressa no mérito das investigações".

"Novo equívoco"
Para o promotor Silvio Marques, a nova carta da prefeita Marta apenas reitera o equívoco cometido no primeiro ofício.
"Pela legislação suíça, a prefeitura, não a União, é vítima do procedimento contra Maluf. Nossas investigações apontam para o desvio de dinheiro dos cofres paulistanos. O que queremos é que o dinheiro desviado volte para os cofres municipais", declarou Silvio, que disse lamentar, "mais uma vez", a decisão de Marta.
O advogado de Maluf, Ricardo Tosto, disse que vai usar o ofício de Marta na Justiça para reforçar a defesa do ex-prefeito: "É um parecer jurídico, não político".



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