São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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ELEIÇÕES

Definição de candidato na capital sairá em 16 de maio; Alckmin ficou insatisfeito

PSDB marca pré-convenção em SP

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após meses de impasse e de negociações internas, o PSDB resolveu marcar uma pré-convenção para escolher o candidato que disputará a prefeitura paulistana.
A decisão mostra que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não conseguiu fechar questão em torno da candidatura do secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, o nome da sua preferência para a disputa.
A Executiva Municipal do partido marcou para o dia 16 de maio a pré-convenção. Entrarão na disputa os deputados federais Walter Feldman e Zulaiê Cobra e o ex-presidente nacional do PSDB José Aníbal, além de Abreu Filho.
A única possibilidade de a pré-convenção ser desmarcada, avaliam os tucanos, é se o presidente nacional do PSDB, José Serra, decidir entrar no pleito. O ex-senador, no entanto, tem dito aos correligionários não ter interesse na disputa pela prefeitura.
A pré-convenção é a única saída possível para o partido até o momento. Isso porque os outros três pré-candidatos foram contra abrir mão de suas candidaturas em favor do secretário da Segurança, visto por eles como um nome novo e sem tradição dentro da legenda. O único que uniria os quatro pré-candidatos é Serra.
A Folha apurou que Alckmin não saiu satisfeito com a decisão de a legenda ir para a pré-convenção. Interlocutores próximos do tucano dizem que os outros três pré-candidatos estão "testando" o governador ao insistir na disputa.
Na avaliação do Palácio dos Bandeirantes, a pré-convenção pode enfraquecer o partido. O caso da prévia feita pelo PT no Rio Grande do Sul em 2002, quando os petistas Olívio Dutra e Tarso Genro entraram em uma forte disputa para concorrer ao governo do Estado e o partido perdeu as eleições, foi citado como exemplo. Um assessor do governador chegou a comentar que a prévia antecipada irá deixar "rachaduras" entre os pré-candidatos muito difíceis de serem suprimidas.
Para o presidente municipal do PSDB, Edson Aparecido, a pré-convenção fortalece a candidatura tucana. "O governador mostrou liderança e respeito com as decisões do partido. Demonstrou ser a favor da democracia interna", disse o deputado estadual, negando que Alckmin saia enfraquecido com a prévia antecipada.
Edson Aparecido afirmou que todas as principais lideranças do PSDB foram consultadas sobre a pré-convenção, entre elas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-ministros Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Paulo Renato (Educação).
A escolha do candidato tucano será feita por cerca de 980 integrantes do partido. Votarão no dia 16 os membros do diretório municipal, os delegados zonais e os parlamentares do PSDB.
O nome vencedor será homologado apenas na convenção de junho, prazo estipulado pela legislação eleitoral para serem referendadas as candidaturas. A votação para a escolha do candidato tucano será realizada com uma festa na sede do Diretório Municipal do PSDB, no centro da cidade.
Todos os quatro pré-candidatos do PSDB negam que a pré-convenção causará desentendimentos. "Decidido o nome, todos os outros apoiarão a candidatura", disse Aníbal. Feldman e Zulaiê, que disse que se inscreveria na prévia, caso não houvesse pré-convenção, defendem a disputa interna como sinal de que o PSDB é um "partido democrático".

Alianças
A pré-convenção é necessária porque definirá o nome do candidato tucano a tempo de o partido correr atrás de alianças antes da convenção, quando são também definidas as coligações.
O ideal para os tucanos seria ceder a vice e fechar aliança com o PFL. O partido, no entanto, tem insistido na tese de lançar candidatura própria. Aceitam apoiar o PSDB apenas se Serra disputar.


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