São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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"Nós temos de evitar que o partido apóie Serra, senão ele vai ganhar"

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia afirma que seu primeiro ato caso vença hoje a convenção estadual do PMDB será virar uma espécie de "cabo eleitoral" da candidatura de Itamar Franco à Presidência da República em 2002. "Nossa tarefa é grande. Se o PMDB apoiar o Serra, ele vira um candidato quase imbatível", diz. Quércia afirma que pode reeditar a aliança com o PFL, a exemplo do que ocorreu em São Paulo no ano passado.
 

Folha - Por que o PMDB, na sua opinião, precisa ter candidatura própria a presidente em 2002?
Orestes Quércia
- É uma soma de vários fatores: uma questão moral, estratégica e de sobrevivência do partido. Nós chegamos a ter 17 governadores, hoje temos 6. Precisamos de um puxador nacional de votos para as disputas estaduais.

Folha - Na presidência do partido, o que o sr. vai fazer em prol dessa tese?
Quércia
- Vou conversar com todo mundo. Eu hoje sou soldado raso do partido, mas como presidente terei outra condição. Vou falar com outros presidentes de diretórios, mandar correspondência para o país inteiro, fazer campanha para nosso candidato. E o candidato eu acho que deve ser o Itamar, apesar de eu ver com simpatia também a candidatura do Simon. Mas o Itamar Franco tem mais viabilidade eleitoral.

Folha - O sr. também vai procurar o PMDB alinhado ao Planalto, como Jader Barbalho (presidente do Senado) e Eliseu Padilha (ministro dos Transportes)?
Quércia
- Esses não, pelo menos no primeiro momento. Não há sentido falar com eles, a gente conhece a posição deles de ligação com o governo.

Folha - A crise energética, o enfraquecimento do governo e as denúncias de corrupção ajudam a tese da candidatura própria?
Quércia
- Eu acho que o quadro hoje é muito favorável para o partido aprovar a candidatura própria. Nesse sentido, a tarefa que temos em São Paulo é importante. Nós temos de evitar que o PMDB apóie o Serra, porque senão ele vai ganhar a eleição. Se ele tiver o tempo de TV do PSDB, PMDB e PFL, vai ficar uma candidatura quase imbatível. Todo mundo olha o que está acontecendo em São Paulo. A nossa vitória aqui na convenção estadual ajuda muito, psicologicamente, a candidatura própria.

Folha - Mas o Temer também defende a candidatura própria...
Quércia
- Não acho que é sincero. Ele é o PMDB que quer apoiar o governo. A impressão que temos é que, no que depender do grupo do Temer, ele se coliga com os tucanos.

Folha - O sr. é candidato a governador?
Quércia
- Eu tenho essa meta. Quero que haja uma prévia e acho que o Temer deveria disputar também.

Folha - O grupo de Temer acusa o sr. de na verdade querer o controle do diretório para "vender" o partido ao PFL, reeditando a coligação que houve para a prefeitura paulistana. Há fundamento nisso?
Quércia
- Pode haver nova coligação com o PFL. Nada impede, é possível um entendimento. Já existem conversas, mas nada conclusivo ainda.


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