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"Nós temos de evitar que o partido
apóie Serra, senão ele vai ganhar"
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-governador de São Paulo
Orestes Quércia afirma que seu
primeiro ato caso vença hoje a
convenção estadual do PMDB será virar uma espécie de "cabo eleitoral" da candidatura de Itamar
Franco à Presidência da República em 2002. "Nossa tarefa é grande. Se o PMDB apoiar o Serra, ele
vira um candidato quase imbatível", diz. Quércia afirma que pode
reeditar a aliança com o PFL, a
exemplo do que ocorreu em São
Paulo no ano passado.
Folha - Por que o PMDB, na sua
opinião, precisa ter candidatura
própria a presidente em 2002?
Orestes Quércia - É uma soma de
vários fatores: uma questão moral, estratégica e de sobrevivência
do partido. Nós chegamos a ter 17
governadores, hoje temos 6. Precisamos de um puxador nacional
de votos para as disputas estaduais.
Folha - Na presidência do partido,
o que o sr. vai fazer em prol dessa
tese?
Quércia - Vou conversar com todo mundo. Eu hoje sou soldado
raso do partido, mas como presidente terei outra condição. Vou
falar com outros presidentes de
diretórios, mandar correspondência para o país inteiro, fazer
campanha para nosso candidato.
E o candidato eu acho que deve
ser o Itamar, apesar de eu ver com
simpatia também a candidatura
do Simon. Mas o Itamar Franco
tem mais viabilidade eleitoral.
Folha - O sr. também vai procurar
o PMDB alinhado ao Planalto, como Jader Barbalho (presidente do
Senado) e Eliseu Padilha (ministro
dos Transportes)?
Quércia - Esses não, pelo menos
no primeiro momento. Não há
sentido falar com eles, a gente conhece a posição deles de ligação
com o governo.
Folha - A crise energética, o enfraquecimento do governo e as denúncias de corrupção ajudam a tese da candidatura própria?
Quércia - Eu acho que o quadro
hoje é muito favorável para o partido aprovar a candidatura própria. Nesse sentido, a tarefa que
temos em São Paulo é importante.
Nós temos de evitar que o PMDB
apóie o Serra, porque senão ele
vai ganhar a eleição. Se ele tiver o
tempo de TV do PSDB, PMDB e
PFL, vai ficar uma candidatura
quase imbatível. Todo mundo
olha o que está acontecendo em
São Paulo. A nossa vitória aqui na
convenção estadual ajuda muito,
psicologicamente, a candidatura
própria.
Folha - Mas o Temer também defende a candidatura própria...
Quércia - Não acho que é sincero. Ele é o PMDB que quer apoiar
o governo. A impressão que temos é que, no que depender do
grupo do Temer, ele se coliga com
os tucanos.
Folha - O sr. é candidato a governador?
Quércia - Eu tenho essa meta.
Quero que haja uma prévia e acho
que o Temer deveria disputar
também.
Folha - O grupo de Temer acusa o
sr. de na verdade querer o controle
do diretório para "vender" o partido ao PFL, reeditando a coligação
que houve para a prefeitura paulistana. Há fundamento nisso?
Quércia - Pode haver nova coligação com o PFL. Nada impede, é
possível um entendimento. Já
existem conversas, mas nada conclusivo ainda.
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