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SOCORRO A BANCOS
Inquérito da PF apontaria vazamento de informações do BC
Procuradoria vai ampliar denúncias no caso Marka
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Federal
prepara novas denúncias contra
outros supostos beneficiados por
um esquema de venda de informação privilegiada que o economista Francisco Lopes teria montado quando estava à frente do
Banco Central, durante a desvalorização do real em janeiro de 1999.
"Esperamos a conclusão de inquérito sigiloso da Polícia Federal,
em andamento, para entrar com
novas denúncias", afirmou o procurador da República Artur Gueiros, um dos responsáveis pela denúncia, em junho passado, contra
13 acusados de envolvimento na
operação de ajuda do BC aos bancos Marka e FonteCindam.
Gueiros disse que não ficou surpreso com a reportagem publicada pela revista "Veja", segundo a
qual o banqueiro Salvatore Cacciola, ex-dono do Marka, chantageou Lopes com gravações telefônicas que provariam que o ex-presidente do BC passava informações privilegiadas, que eram
vendidas no mercado pelo economista Rubem de Freitas Novaes.
"Tínhamos todas essas suspeitas que, por falta de provas, não
entraram na denúncia", explicou
Gueiros. Os procuradores desconfiavam do suposto esquema
de chantagem encabeçado por
Cacciola, mas ainda não sabem
do paradeiro das fitas.
"Espero que o Cacciola as traga
para o Brasil. É mais um motivo
para o governo se empenhar em
sua extradição", disse Gueiros.
"Achamos que o Cacciola foi fazendo o grampo para garantir que
não seria traído." O banqueiro,
que chegou a ser preso em junho
passado, está foragido na Itália.
De acordo com "Veja", Cacciola
ameaçou revelar o esquema caso
não fosse ajudado pelo Banco
Central durante a desvalorização
do real. O BC acabou vendendo
dólares ao Marka e ao banco FonteCindam por valor abaixo da cotação do mercado e teve um prejuízo calculado em R$ 1,6 bilhão.
O banqueiro guardaria, num
cofre no Brasil e num banco no
exterior, cópias da gravação.
Segundo "Veja", Lopes passava
informações sobre juros e câmbio
para seu compadre, Luiz Augusto
Bragança, irmão de Sérgio Bragança, sócio do ex-presidente do
BC na empresa de consultoria
Macrométrica. Bragança as repassava a Rubem Novaes, que faria contato com os clientes do vazamento, entre eles o próprio
Cacciola e o banqueiro André Esteves, do banco Pontual, do Rio.
Lopes, Cacciola e Bragança estão sendo julgados pela Justiça Federal no Rio pela operação de ajuda aos bancos. Lopes responde às
acusações de prevaricação, peculato e corrupção passiva.
Entre os réus do caso está também a atual diretora de Fiscalização do Banco Central Tereza Cristina Grossi Togni. Todos afirmam
que a ajuda ao Marka e ao FonteCindam foi dada para evitar a liquidação dos bancos e uma "crise
sistêmica" que abalaria todo o sistema financeiro.
Em outro processo, relativo a
um bilhete encontrado em sua casa, que mencionava conta no exterior de US$ 1,675 milhão, Lopes
está sendo julgado sob a acusação
de evasão de divisas.
A Folha tentou ouvir ontem
Sérgio Bragança, Luiz Augusto
Bragança e Rubem Novaes, mas
não obteve sucesso. O advogado
José Carlos Fragoso (de Salvatore
Cacciola) também não respondeu
os recados deixados pela Folha.
Carlos Kenisgberg, advogado
de Temílson de Resende, o Telmo, citado por "Veja" como o responsável pelo grampo que resultou nas fitas em poder de Cacciola, negou que ele tenha realizado a
operação.
Telmo, ex-agente da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência, órgão de governo federal), está sendo julgado no Rio sob a acusação de envolvimento no grampo do BNDES, durante a privatização da Telebrás, em 1998.
"Qualquer notícia que surja hoje, a culpa é do Telmo. Ele é responsável também pelos apagões.
Só posso levar isso na mais perfeita gozação", disse o advogado.
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