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Notícia deixa governo desconcertado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A notícia de que o economista
Francisco Lopes operava um esquema de de venda de informações privilegiadas no Banco Central deixou o Palácio do Planalto
desconcertado. A primeira providência de ministros e aliados foi
tentar preservar o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo uma fonte credenciada do Planalto, a reportagem de
"Veja" traz uma única novidade
- a chantagem de que Francisco
Lopes teria sido vítima. "E isso
não era do conhecimento do governo", sustenta a fonte.
O ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) descartou
a participação do ministro Pedro
Malan, da Fazenda, no episódio.
"Se esse episódio existiu, é evidente que o Malan não sabia e não
teve nada com isso", disse.
Aloysio afirmou que a própria
revista afirma que a Polícia Federal já está investigando o caso, por
isso ele não deverá servir como
mais um argumento da oposição
para criar a CPI da corrupção.
"A Polícia Federal é mais eficaz
nesse caso que a CPI. A oposição
não quer apurar nada. Uma CPI
de 19 ou 20 itens evidentemente
não vai apurar nada", disse.
Segundo o ministro da Justiça,
José Gregori, "não há possibilidade de haver qualquer conivência
[do ministro Pedro Malan ou de
Clóvis Carvalho, ex-chefe da Casa
Civil"" nesse caso. "Não aceito
qualquer insinuação sobre a integridade deles." Para Gregori, o
país tem sido vítima de uma "leviandade institucionalizada".
O governador Tasso Jereissati
(CE), que estava em Brasília participando da convenção do PSDB, a
reportagem não prova nada. "Cadê as fitas, cadê as provas. É a palavra de um bandido que não
quer dizer nada. Só falta agora o
Fernandinho Beira-Mar dizer alguma coisa e a gente acreditar".
A maioria dos tucanos presentes ontem à convenção nacional
do PSDB evitou comentar a reportagem da revista "Veja" sobre
o esquema de venda de informações privilegiadas de Chico Lopes.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que, antes de
se fazer qualquer comentário, deve haver uma investigação sobre
as denúncias de tráfico de influência no BC. "Não é só porque alguém falou e alguém escreveu que
vamos achar que é verdade".
Banco Central
O Banco Central ainda não sabe
se vai reabrir as investigações para
apurar suposto esquema de fornecimento de formação privilegiada integrado por Francisco Lopes, ex-presidente da instituição.
Em 1999, quando o escândalo
foi noticiado pela primeira vez, o
BC abriu uma investigação própria para tentar identificar o suposto esquema. O inquérito foi
arquivado por falta de provas.
Reportagem publicada pela
"Veja" traz novos elementos que
poderiam permitir nova investigação -entre eles, uma conta em
Nova York por meio da qual o
Banco Pactual pagaria por informações privilegiadas supostamente repassadas por Lopes.
O BC declarou que não irá comentar o surgimento de novas
evidências envolvendo Francisco
Lopes, que foi diretor da instituição por quatro anos e assumiu
sua presidência por alguns dias.
O BC também se recusou a comentar a participação da diretora
de Fiscalização, Tereza Grossi, no
socorro aos bancos Marka e FonteCindam. Segundo a assessoria,
todas as explicações foram dadas
à Justiça e à CPI dos Bancos. Mas
o PT já analisa a hipótese de pedir
ao Senado Federal a revisão da indicação dela para o cargo.
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