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FHC diz que governo adota "agenda
antiga" e pede novas reformas
CAMILO TOSCANO
DA FOLHA ONLINE
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou de "antiga" a agenda de reformas adotada pelo governo de Luiz Inácio
Lula da Silva. Segundo Fernando
Henrique, as reformas fazem parte da agenda de seu governo.
"[O novo contexto] implica que
os países tenham capacidade de
imprimir uma agenda nova.
Agenda nova para nós não é a que
estamos ainda nela. Ou seja, a reforma da Previdência, da administração, a tributária, porque essa [agenda] é antiga, eu já estava
fazendo. Alguns passos foram dados, outros não", afirmou.
FHC concedeu palestra no seminário "As Perspectivas do Brasil no Mundo em Transição", promovido ontem em São Paulo pela
ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing).
De acordo com o ex-presidente,
o Brasil vai precisar adotar uma
nova agenda para se adequar ao
atual contexto mundial, marcado
pela imprevisibilidade dos acontecimentos. Caso contrário, o país
corre o risco de não ser capaz de
responder às rápidas mudanças
nas relações internacionais.
Na avaliação de Fernando Henrique, a economia no mundo globalizado é "cheia de sobressaltos",
com "ciclos de retração que não
significam uma grande recessão
necessariamente, mas crescimentos interrompidos", o que requer
respostas mais rápidas e diversificadas dos países.
"Agenda nova é a da sociedade
do conhecimento e da inovação.
Ou a sociedade tem capacidade de
rapidamente se ajustar [às mudanças repentinas], ou não consegue sobreviver a esses tumultos, a
esses supetões", afirmou para
uma platéia de mais de mil pessoas, formada por empresários,
políticos e dirigentes de vendas.
FHC citou como exemplos de
"ciclos de retração" as crises do
México (1994), dos bancos (1995 e
1996), no sudeste da Ásia (1997),
da Rússia (1998) e da Argentina
(2001), além das dificuldades financeiras vividas pelos EUA.
Para o ex-presidente, a defesa
por parte de integrantes do PT de
políticas na área econômica adotadas em seu governo não é uma
posição tática do atual governo.
"Se for uma questão feita taticamente, os outros percebem", disse. "Não acho que o governo atual
tenha taticamente mudado a posição. Acho que entenderam que
haviam de agir de acordo com os
interesses da sociedade e do Brasil." FHC admitiu que deve haver
sempre mudanças, mas que o
"problema é como fazê-las, quando fazê-las e como convencer a
sociedade de sua importância".
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