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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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FHC diz que governo adota "agenda antiga" e pede novas reformas

CAMILO TOSCANO
DA FOLHA ONLINE

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou de "antiga" a agenda de reformas adotada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Fernando Henrique, as reformas fazem parte da agenda de seu governo.
"[O novo contexto] implica que os países tenham capacidade de imprimir uma agenda nova. Agenda nova para nós não é a que estamos ainda nela. Ou seja, a reforma da Previdência, da administração, a tributária, porque essa [agenda] é antiga, eu já estava fazendo. Alguns passos foram dados, outros não", afirmou.
FHC concedeu palestra no seminário "As Perspectivas do Brasil no Mundo em Transição", promovido ontem em São Paulo pela ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing).
De acordo com o ex-presidente, o Brasil vai precisar adotar uma nova agenda para se adequar ao atual contexto mundial, marcado pela imprevisibilidade dos acontecimentos. Caso contrário, o país corre o risco de não ser capaz de responder às rápidas mudanças nas relações internacionais.
Na avaliação de Fernando Henrique, a economia no mundo globalizado é "cheia de sobressaltos", com "ciclos de retração que não significam uma grande recessão necessariamente, mas crescimentos interrompidos", o que requer respostas mais rápidas e diversificadas dos países.
"Agenda nova é a da sociedade do conhecimento e da inovação. Ou a sociedade tem capacidade de rapidamente se ajustar [às mudanças repentinas], ou não consegue sobreviver a esses tumultos, a esses supetões", afirmou para uma platéia de mais de mil pessoas, formada por empresários, políticos e dirigentes de vendas.
FHC citou como exemplos de "ciclos de retração" as crises do México (1994), dos bancos (1995 e 1996), no sudeste da Ásia (1997), da Rússia (1998) e da Argentina (2001), além das dificuldades financeiras vividas pelos EUA.
Para o ex-presidente, a defesa por parte de integrantes do PT de políticas na área econômica adotadas em seu governo não é uma posição tática do atual governo.
"Se for uma questão feita taticamente, os outros percebem", disse. "Não acho que o governo atual tenha taticamente mudado a posição. Acho que entenderam que haviam de agir de acordo com os interesses da sociedade e do Brasil." FHC admitiu que deve haver sempre mudanças, mas que o "problema é como fazê-las, quando fazê-las e como convencer a sociedade de sua importância".


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