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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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PT X PT

Dirigente estadual do partido e deputados serão testemunhas de acusação em processo disciplinar que julga radicais

Petista alagoano deve depor contra senadora

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dirigente do PT de Alagoas e parlamentares da legenda na Câmara dos Deputados deverão ser as principais testemunhas de acusação no processo disciplinar aberto pelo partido contra a senadora Heloísa Helena (AL), e contra os deputados Luciana Genro (RS) e João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PA).
Autor da representação que pediu a abertura do processo, Sílvio Pereira, secretário de Organização do PT e homem de confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil), afirmou que os nomes deverão ser definidos ainda hoje.
Segundo ele, a convocação de um líder do PT alagoano pretende demonstrar que, no caso de Heloísa Helena, "a quebra de disciplina é recorrente".
Como exemplo desse suposto comportamento, o dirigente petista cita a decisão da senadora de desistir de sua candidatura ao governo de Alagoas no ano passado após a direção da legenda ter decidido reproduzir no Estado sua aliança nacional com o PL.
Já os parlamentares da sigla na Câmara serão convidados a prestar depoimentos sobre o comportamento dos dois deputados federais. Na semana passada, alguns deles criticaram Babá e Luciana Genro por não terem participado de um debate sobre a reforma da Previdência promovido pela bancada na Câmara.
Na representação de Pereira, a senadora e os deputados são acusados de "atrapalhar a governabilidade", principalmente ao se recusarem a acompanhar a decisão da bancada em relação à votação da reforma da Previdência.
De acordo com as regras de funcionamento da Comissão de Ética que analisa o caso, os três acusados têm até esta sexta-feira para apresentar suas defesas por escrito. Assim como a acusação, poderão ainda convocar até oito depoimentos a seu favor.
Tanto as testemunhas de acusação quanto as de defesa serão ouvidas durante a primeira audiência da Comissão de Ética, marcada para domingo, na sede nacional do PT, em São Paulo.
Pela defesa conjunta dos três parlamentares deverão depor o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o advogado Dalmo Dallari, o sociólogo Emir Sader e, de acordo com Babá, o também advogado Plínio de Arruda Sampaio, que teria aceito convite feito na semana passada por Luciana Genro.
Babá afirmou ainda que pretende convocar o testemunho de líderes sindicais que acompanharam as posições históricas do PT sobre a reforma da Previdência.
"Não vou lá [na comissão] para me defender porque não cometi nenhum pecado. Não ofendi ninguém, ao contrário do [presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva], que me ofendeu com uma comparação infeliz com o agatunado do Geddel [Vieira Lima]", disse ele, referindo-se à declaração em que o presidente sugeriu, em tom de brincadeira, trocar o radical petista pelo "radical" do PMDB.
De acordo com Babá, sua defesa pessoal será apoiada em declarações anteriores de Lula, de José Dirceu e do presidente nacional da legenda, José Genoino, defendendo as mesmas posições que hoje todos eles criticam.
"Apóio a postura deles de antes. Não farei nenhuma autocrítica", completou o deputado.


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