São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Coligação ainda precisa ser ratificada em convenção no domingo

PL ressuscita aliança com PT e anuncia Alencar como vice

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PL anunciou ontem que fará aliança com o PT na eleição presidencial, indicando o senador José Alencar (MG) para vice de Luiz Inácio Lula da Silva. O acerto deve ser confirmado na convenção do PL no domingo, em Brasília.
"O PT insistiu nessa aliança durante meses para mostrar ao Brasil que está levando a sério a idéia de ganhar as eleições e de governar da forma mais ampla possível", disse Lula à Folha. O candidato avalia que as resistências no PT serão superadas porque o partido "está maduro" e "tem responsabilidade com o Brasil".
A Folha apurou que, a partir de agora, o PT e o PL darão início a uma articulação com os setores do PSB que desejam a retirada da candidatura Anthony Garotinho em benefício de Lula. Cresceu no PSB o grupo anti-Garotinho.
O apoio do PL ao petista mina cinco palanques estaduais que Garotinho construía com o PSB. O objetivo de Lula é criar condições para tentar vencer no primeiro turno, atraindo o PSB, aliado de outras eleições. Hoje, o PT teme disputar o segundo turno com o candidato da aliança PSDB-PMDB, José Serra.

Reviravolta
"A chance de recuo é zero", disse ontem o presidente do PL, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), após reunião com a bancada de congressistas, sobre a coligação dos dois partidos.
A aliança havia sido considerada morta anteontem à noite por dirigentes do PL e do PT. A reviravolta se deu pela pressão de Alencar sobre o PL e pela palavra de Lula de que bancará acertos regionais indigestos para o PT.
Alencar disse: "Nunca postulei cargo de vice. O meu apoio era independente da participação na chapa, mas aceito com muita honra. Até domingo, vamos trabalhar para atender aos interesses de todos os companheiros". Alencar terá de lidar com pedidos incômodos de membros do PL, que desejam suporte financeiro na eleição para ratificar a aliança.
A aliança PT-PL será uma vitória de Lula e de Alencar. No momento em que José Serra (PSDB) fechou a coligação com o PMDB e conquista parte do PFL, Lula não queria colher um fracasso.
O PT insistiu na aliança para transmitir uma imagem de moderação à sociedade, em particular aos mercados, e tenta evitar a pecha de partido de "sectários" ou "isolacionistas" lançada por adversários -como já fez ontem Ciro Gomes (PPS).
Ao longo do dia, Lula chegou a dizer: "Eu gostaria de fazer a aliança. Não teve, vamos trabalhar". E o petista Patrus Ananias, ex-prefeito de Belo Horizonte, já havia dito sim a uma sondagem para ser o vice de Lula. A idéia era fazer um anúncio rápido para minimizar o desgaste do eventual fracasso de mais de três meses de negociações.
No entanto, uma reunião no final da tarde entre Lula e Alencar reverteu a tendência de não-coligação. Estavam presentes Costa Neto e o presidente do PT, José Dirceu. O problema principal estava no Rio, onde o coordenador da ala evangélica do PL, deputado Bispo Rodrigues (RJ), defendia aliança com Garotinho.
Indagado se faria campanha para Garotinho, o Bispo Rodrigues respondeu: "Trabalhei para não acontecer, mas fui vencido democraticamente e aceito a decisão. O partido indicou o vice e vou ter de trabalhar para ele".
Costa Neto telefonou imediatamente após a reunião para o governador de Minas, Itamar Franco, um dos padrinhos da aliança. "Vou acender uma vela", respondeu Itamar. Em outro telefonema, o governador deu os "parabéns" a Alencar.
Depois das ligações, Costa Neto deu uma ordem à gráfica que produzirá o material da convenção. Um outdoor "Por um Brasil decente, Lula presidente", que estava em suspenso, começou a ser rodado. (LUCIO VAZ, FÁBIO ZANINI E KENNEDY ALENCAR)



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