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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Coligação ainda precisa ser ratificada em convenção no domingo
PL ressuscita aliança com PT
e anuncia Alencar como vice
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PL anunciou ontem que fará
aliança com o PT na eleição presidencial, indicando o senador José
Alencar (MG) para vice de Luiz
Inácio Lula da Silva. O acerto deve
ser confirmado na convenção do
PL no domingo, em Brasília.
"O PT insistiu nessa aliança durante meses para mostrar ao Brasil que está levando a sério a idéia
de ganhar as eleições e de governar da forma mais ampla possível", disse Lula à Folha. O candidato avalia que as resistências no
PT serão superadas porque o partido "está maduro" e "tem responsabilidade com o Brasil".
A Folha apurou que, a partir de
agora, o PT e o PL darão início a
uma articulação com os setores
do PSB que desejam a retirada da
candidatura Anthony Garotinho
em benefício de Lula. Cresceu no
PSB o grupo anti-Garotinho.
O apoio do PL ao petista mina
cinco palanques estaduais que
Garotinho construía com o PSB.
O objetivo de Lula é criar condições para tentar vencer no primeiro turno, atraindo o PSB, aliado de outras eleições. Hoje, o PT
teme disputar o segundo turno
com o candidato da aliança
PSDB-PMDB, José Serra.
Reviravolta
"A chance de recuo é zero", disse ontem o presidente do PL, o deputado federal Valdemar Costa
Neto (SP), após reunião com a
bancada de congressistas, sobre a
coligação dos dois partidos.
A aliança havia sido considerada morta anteontem à noite por
dirigentes do PL e do PT. A reviravolta se deu pela pressão de Alencar sobre o PL e pela palavra de
Lula de que bancará acertos regionais indigestos para o PT.
Alencar disse: "Nunca postulei
cargo de vice. O meu apoio era independente da participação na
chapa, mas aceito com muita
honra. Até domingo, vamos trabalhar para atender aos interesses
de todos os companheiros". Alencar terá de lidar com pedidos incômodos de membros do PL, que
desejam suporte financeiro na
eleição para ratificar a aliança.
A aliança PT-PL será uma vitória de Lula e de Alencar. No momento em que José Serra (PSDB)
fechou a coligação com o PMDB e
conquista parte do PFL, Lula não
queria colher um fracasso.
O PT insistiu na aliança para
transmitir uma imagem de moderação à sociedade, em particular
aos mercados, e tenta evitar a pecha de partido de "sectários" ou
"isolacionistas" lançada por adversários -como já fez ontem Ciro Gomes (PPS).
Ao longo do dia, Lula chegou a
dizer: "Eu gostaria de fazer a
aliança. Não teve, vamos trabalhar". E o petista Patrus Ananias,
ex-prefeito de Belo Horizonte, já
havia dito sim a uma sondagem
para ser o vice de Lula. A idéia era
fazer um anúncio rápido para minimizar o desgaste do eventual
fracasso de mais de três meses de
negociações.
No entanto, uma reunião no final da tarde entre Lula e Alencar
reverteu a tendência de não-coligação. Estavam presentes Costa
Neto e o presidente do PT, José
Dirceu. O problema principal estava no Rio, onde o coordenador
da ala evangélica do PL, deputado
Bispo Rodrigues (RJ), defendia
aliança com Garotinho.
Indagado se faria campanha para Garotinho, o Bispo Rodrigues
respondeu: "Trabalhei para não
acontecer, mas fui vencido democraticamente e aceito a decisão. O
partido indicou o vice e vou ter de
trabalhar para ele".
Costa Neto telefonou imediatamente após a reunião para o governador de Minas, Itamar Franco, um dos padrinhos da aliança.
"Vou acender uma vela", respondeu Itamar. Em outro telefonema,
o governador deu os "parabéns" a
Alencar.
Depois das ligações, Costa Neto
deu uma ordem à gráfica que produzirá o material da convenção.
Um outdoor "Por um Brasil decente, Lula presidente", que estava em suspenso, começou a ser
rodado.
(LUCIO VAZ, FÁBIO ZANINI E KENNEDY ALENCAR)
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