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SOMBRA NO PLANALTO
AGU sugere ainda perda dos direitos políticos por 5 anos
Governo processa Waldomiro e propõe que ele pague multa
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo propôs ação de improbidade administrativa contra
o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil da Presidência da República Waldomiro
Diniz, acusando-o de tentativa de
uso do cargo para obter "proveito
econômico indevido".
A AGU (Advocacia Geral da
União), que preparou a ação a pedido do Palácio do Planalto, sugeriu a punição máxima, ou seja, a
condenação dele ao pagamento
de multa cem vezes superior ao
salário que recebia no cargo, a
perda dos direitos políticos por
cinco anos e a proibição por três
anos de contrato com órgãos públicos e de recebimento de benefícios do poder público.
O Palácio do Planalto não informou o valor do salário que ele recebia quando foi exonerado, em
fevereiro último, depois da divulgação de vídeo em que fora flagrado pedindo propina ao empresário de jogos Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, na campanha
de 2002. A Folha apurou que ele
recebia R$ 8.080 quando foi exonerado.
O governo sustenta que a conduta do ex-assessor do ministro
José Dirceu (Casa Civil) na renegociação do contrato da empresa
GTech do Brasil com a CEF (Caixa Econômica Federal), no início
de 2003, "causou grave dano à
imagem do governo e à moralidade na administração pública".
"O requerido [Diniz], em pleno
exercício do cargo público e se valendo do prestígio que o mesmo
lhe conferia, participou de reuniões com representantes de interesses privados, visando obter deles, mediante interposta pessoa
[Rogério Buratti], benefício de
natureza econômica, em troca de
sua suposta influência para a renovação de um contrato com
uma empresa pública federal e
atendimento a outros interesses
privados."
Waldomiro teria exigido da
GTech, multinacional da área de
loterias, a contratação de Buratti
como contrapartida à renovação
de seu contrato com a CEF no ano
passado. Buratti foi secretário de
governo da Prefeitura de Ribeirão
Preto durante a gestão de Antonio
Palocci Filho, atual ministro da
Fazenda.
Provas
As provas sugeridas pela AGU
são a nota de esclarecimento da
GTech confirmando ter sido convidada por Diniz a participar de
reuniões "com a nova equipe de
governo" para tratar de divergências contratuais com a CEF e depoimentos de pessoas envolvidas.
A base da acusação é a sindicância
realizada pela Presidência.
A ação irá tramitar na 7ª Vara da
Justiça Federal em Brasília. Normalmente esse tipo de processo é
movido por procuradores da República, e o papel da AGU é defender o acusado. O advogado-geral da União, Álvaro Augusto
Ribeiro Costa, não quis comentar
esse fato.
O governo considera que Diniz
violou a Lei de Improbidade Administrativa (nº 9.429), o Estatuto
do Servidor Público e os códigos
de ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo
Federal e dos Agentes Públicos
em exercício na Presidência e na
Vice-Presidência da República.
Embora a ação de improbidade
administrativa seja de natureza
civil, a AGU destacou nela que Diniz também poderá responder a
uma ação penal e indicou dois tipos possíveis de crime: concussão
e tráfico de influência.
"O crime de concussão se revela
no momento em que o requerido
[Diniz] faz "uma exigência velada"
de contratação de um consultor
[Buratti], como medida "importante para a renovação do contrato". O tráfico de influência se configura com a insinuação que ele
fez, nas reuniões com representantes da GTech, de ser uma pessoa influente no governo, na área
de loterias."
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