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TODA MÍDIA
Sem saída
NELSON DE SÁ
Não faltavam boas notícias,
ontem. Nas manchetes do
Jornal Nacional e do Jornal da
Record, dizia-se que o pedido de
falências havia "despencado". O
dólar fechou abaixo de R$ 3. A
inflação seguiu caindo.
Mas a tensão maior, inclusive
na Globo, estava uma vez mais
no aumento da contribuição
previdenciária:
- A compensação anunciada
não acalmou os empresários.
Os empresários e a cobertura.
Boris Casoy, no final da semana,
já havia qualificado o aumento
de "insanidade" e voltou à carga
na Record, ontem. Uniram-se a
ele o deputado Delfim Netto, a
comentarista Míriam Leitão e
muitos mais.
Sobretudo, surgiu a cena dos
produtos e respectivos impostos
-encenada pela Associação
Comercial de SP e destacada,
entre outros, no JN.
O ministro Antonio Palocci
fez o que sempre se faz. Correu
para uma longa entrevista ao
Bom Dia Brasil, que ecoou por
toda parte, dos sites às outras
emissoras e ao JN.
Mas nem ele conseguiu conter
a "onda de críticas", no dizer da
Globo. Até porque ele não tinha
mais o que oferecer. Desenhou
um quadro no qual não existe
outra saída:
- Não há outras opções. Você
poderia aumentar outro tipo de
imposto e não mudaria muito as
coisas.
Defendeu-se, o que é um fato
raro no discurso do ministro,
apontando para trás:
- Se você olhar os últimos
seis pacotes na economia, nos
últimos 15 anos, todos traziam
aumento na carga tributária. No
nosso governo, o grande ajuste
feito no ano passado veio com
corte de R$ 14 bilhões. Cortamos
para dentro.
Agora, não mais -até porque
a outra grita, inclusive da Globo,
ontem mesmo, é que o governo
tem que investir mais. Então, os
cortes acabaram.
O melhor que Palocci pôde
oferecer, para conter a revolta,
foi "tomar medidas para levar a
carga aos patamares em que ela
estava anteriormente".
Para ir além disso, só com
"uma definição do presidente
da República".
FAMÍLIA, FAMÍLIA, FAMÍLIA
Começou com George W. Bush e John Kerry, os dois
em campanha para presidente, que saíram na semana
passada -ao mesmo tempo- em defesa dos "valores"
ameaçados da "família" americana.
Ontem foi a vez do primeiro-ministro britânico, Tony
Blair, em jornais como o "Guardian", também em defesa
do que chamou de "valores da família". Ele jogou a culpa
pela violência urbana e pelos crimes que assolam o país
nos liberalizantes anos 60.
E acabou em Lula, ontem. Ao lançar nova campanha
publicitária de incentivo à "auto-estima" dos brasileiros,
no dizer do Jornal da Band, saiu a defender os valores da
"família". Declarou que nem tudo se resume ao Estado
ou à economia, na solução dos problemas do país. Que
muitos jovens criminosos saem do "seio da família", da
"família desestruturada".
Enfim, não são responsabilidade dele.
Dois times
Franklin Martins, em análise
na CBN, acha que a tal Câmara
de Desenvolvimento "pode ser
uma boa idéia", desde que "José
Dirceu e Palocci joguem para o
mesmo lado".
Um monte
Já um colunista do "Valor",
Cláudio Couto, disseca a idéia,
diz o que poderia dar certo ou
não, mas é cruel:
- Tudo isso faria sentido, não
fosse essa Câmara muito similar
a um monte de outras já criadas,
todas presididas pelo chefe da
Casa Civil: a Câmara de Política
Cultural, a Câmara de Política
Social, a Câmara de Integração
Nacional, a Câmara de Recursos
Naturais...
São todas de 2003, mas pouco
se ouve delas.
Danos
Do JN, sobre a ação contra
Waldomiro Diniz:
- Waldomiro é acusado de
causar graves danos à imagem e
à moralidade do governo.
FMI e os gastos
A Globo pedia ontem menos
gastos do governo (em lugar dos
impostos) e ao mesmo tempo
mais gastos (investimentos em
infra-estrutura etc).
A decisão está em outra parte,
de todo modo. A CBN deu que
hoje começam "as discussões
dos gastos com infra-estrutura".
Com o FMI.
A idéia não é elevar os gastos.
É só "melhorar".
Outro BNDES
Tem país que já não agüenta
aguardar governo, FMI, PPP.
Segundo o "Valor", na primeira
página, "o "BNDES" da China
mostrou intenção de financiar
projetos por aqui".
Samurais
Também o Japão, segundo a
"Época". A revista anunciou "a
volta dos samurais" ao Brasil. O
país teria sido escolhido como
"prioridade de investimento"
no exterior. Entre outras áreas,
energia e transporte receberiam
US$ 2 bilhões.
DIFERENÇAS
diariohoy.com/Reprodução
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Charge com Lula e Kirchner na "balança comercial" |
O jogo continua, no conflito comercial entre Brasil e Argentina. Mas enquanto o assunto vai dando lugar a outros por aqui, o debate prossegue e até mesmo se amplia nos jornais argentinos.
No "Clarín", por exemplo, um artigo falava ontem que "o conflito vai muito além" das geladeiras. Outro dizia que são feitos "acordos passageiros" para "diferenças permanentes". Outro, no "Diario Hoy", acompanhado de charge (veja acima), defendia a "institucionalização de políticas macroeconômicas comuns" como a única saída para a integração no Mercosul.
Por fim, já entrando por outro assunto, distante da economia mas não menos controverso, o embaixador da Argentina na ONU escrevia ontem no "La Nación" que "não respalda país nenhum", entre os que querem vaga no Conselho de Segurança -caso do Brasil.
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