São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO

Criminoso preso no Rio acompanhava com atenção noticiário sobre o empresário, acusado de operar a suposta mesada que chegava em malas a Brasília

Ladrão de banco planejou seqüestrar Valério

DA SUCURSAL DO RIO

Conhecido e tratado no crime por Excelência, o ladrão de bancos e estelionatário carioca Sérgio Sebastião Alves, 55, planejava sequestrar, em Belo Horizonte, o publicitário Marcos Valério, sócio das agências DNA e SMPB, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como operador do suposto "mensalão". Gravações telefônicas obtidas pela Polícia Civil do Rio, com autorização judicial, mostram Excelência e um cúmplice conversando sobre o possível seqüestro.
O plano de Excelência não foi adiante. Ele acabou preso por agentes da 21ª Delegacia de Polícia na semana passada, no Rio, em um posto de gasolina na estrada do Sapê, na zona norte do Rio.
Nos oito minutos da gravação feita em 28 de junho (16 dias após o início do escândalo do "mensalão" com a publicação de entrevista de Jefferson na Folha), o criminoso mostra que acompanhava com interesse as denúncias de corrupção e as notícias sobre o suposto tráfego de malas de dinheiro a partir das contas das empresas do empresário. A gravação foi descoberta pelo jornal carioca "Extra". A Folha teve acesso à transcrição da fita pela polícia.
Num dos trechos da escuta, Excelência revela seu plano e traduz para o cúmplice, em linguagem nada protocolar, sua visão sobre a crise que abala o país: "Eu, mais ou menos, sei o paradeiro desse tal desse Valério, aí. Sabe qual é? Não dava para apanhar [seqüestrar] esse malandro, não?"
Mais adiante, Excelência conta que já tinha, inclusive, observado a movimentação do publicitário na capital mineira. "Nós estivemos lá perto da casa dele uma vez, lá no bairro Floresta, em Belo Horizonte. Aí, a gente estava conversando ontem, ficamos parados na porta da casa do cara. Sabia que o cara sai com a maleta e não pegamos ele, hein, cara.", prossegue o criminoso que, é acusado de roubo a uma agência do Banco do Brasil em Minas e também responde a processo por estelionato na 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Marcos Valério não mora no bairro de Floresta, embora seja visto com frequência na região.
Responsável pela investigação, o delegado Jáder Amaral, da 21ª DP, afirmou que Excelência surgiu durante uma investigação sobre quadrilha de traficante.
Amaral declarou que as conversas sobre o suposto plano de seqüestro do publicitário surgiram por acaso. Excelência agora está preso na Casa de Custódia Jorge Santana, em Bangu (zona oeste).
Marcos Valério de Souza divulgou ontem nota em que apela à Polícia Federal e à Polícia Civil de Minas Gerais por proteção para ele e sua família. Na nota, Valério diz que precisa de "proteção que garanta sua segurança pessoal e a de sua família". O pedido de proteção é conseqüência das gravações que revelaram a existência de um plano para seqüestrá-lo.


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