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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO
Criminoso preso no Rio acompanhava com atenção noticiário sobre o empresário, acusado de operar a suposta mesada que chegava em malas a Brasília
Ladrão de banco planejou seqüestrar Valério
DA SUCURSAL DO RIO
Conhecido e tratado no crime
por Excelência, o ladrão de bancos e estelionatário carioca Sérgio
Sebastião Alves, 55, planejava sequestrar, em Belo Horizonte, o
publicitário Marcos Valério, sócio
das agências DNA e SMPB, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como operador
do suposto "mensalão". Gravações telefônicas obtidas pela Polícia Civil do Rio, com autorização
judicial, mostram Excelência e
um cúmplice conversando sobre
o possível seqüestro.
O plano de Excelência não foi
adiante. Ele acabou preso por
agentes da 21ª Delegacia de Polícia na semana passada, no Rio,
em um posto de gasolina na estrada do Sapê, na zona norte do Rio.
Nos oito minutos da gravação
feita em 28 de junho (16 dias após
o início do escândalo do "mensalão" com a publicação de entrevista de Jefferson na Folha), o criminoso mostra que acompanhava com interesse as denúncias de
corrupção e as notícias sobre o suposto tráfego de malas de dinheiro a partir das contas das empresas do empresário. A gravação foi
descoberta pelo jornal carioca
"Extra". A Folha teve acesso à
transcrição da fita pela polícia.
Num dos trechos da escuta, Excelência revela seu plano e traduz
para o cúmplice, em linguagem
nada protocolar, sua visão sobre a
crise que abala o país: "Eu, mais
ou menos, sei o paradeiro desse
tal desse Valério, aí. Sabe qual é?
Não dava para apanhar [seqüestrar] esse malandro, não?"
Mais adiante, Excelência conta
que já tinha, inclusive, observado
a movimentação do publicitário
na capital mineira. "Nós estivemos lá perto da casa dele uma vez,
lá no bairro Floresta, em Belo Horizonte. Aí, a gente estava conversando ontem, ficamos parados na
porta da casa do cara. Sabia que o
cara sai com a maleta e não pegamos ele, hein, cara.", prossegue o
criminoso que, é acusado de roubo a uma agência do Banco do
Brasil em Minas e também responde a processo por estelionato
na 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Marcos Valério não mora
no bairro de Floresta, embora seja
visto com frequência na região.
Responsável pela investigação,
o delegado Jáder Amaral, da 21ª
DP, afirmou que Excelência surgiu durante uma investigação sobre quadrilha de traficante.
Amaral declarou que as conversas sobre o suposto plano de seqüestro do publicitário surgiram
por acaso. Excelência agora está
preso na Casa de Custódia Jorge
Santana, em Bangu (zona oeste).
Marcos Valério de Souza divulgou ontem nota em que apela à
Polícia Federal e à Polícia Civil de
Minas Gerais por proteção para
ele e sua família. Na nota, Valério
diz que precisa de "proteção que
garanta sua segurança pessoal e a
de sua família". O pedido de proteção é conseqüência das gravações que revelaram a existência de
um plano para seqüestrá-lo.
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