São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / PARTIDOS

Após o mensalão, PT "freia" número de seus candidatos

PR (ex-PL), PTB e PP, legendas ligadas ao escândalo, também terão menos concorrentes; oposição mantém curva declinante

Coadjuvantes na aliança com o governo Lula, PSB, PC do B, PV e PSC elevam a quantidade de nomes que irão disputar as eleições


RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

SILVIO NAVARRO
DO PAINEL

Na primeira eleição municipal após o mensalão, o PT estacionou pela primeira vez em sua história o número de candidatos que disputarão vagas de prefeito, vice e vereador, encabeçando fenômeno que se estende aos partidos envolvidos no maior escândalo do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde 1996, o PT despontava entre as grandes siglas como a principal força em ascensão nos rincões, com ritmo de crescimento em torno de 40% de uma eleição a outra.
Nas eleições deste ano, o PT registra até agora retração de ao menos 10%, mostra análise da Folha dos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo a Justiça Eleitoral, até as 21h16 de sexta, o PT havia registrado 34.852 candidaturas. Os números ainda podem subir, já que o TSE informou ter totalizado entre 90% e 95% dos pedidos de registro. Ao todo, são até agora 374.912 candidatos a prefeito, vice e vereador. O atraso se deve a problemas de transmissão dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais). O prazo para registro nos TREs expirou no dia 7.
Ou seja, na melhor das hipóteses, o partido chegará no entorno do número de candidatos que teve em 2004. "Nós acabamos ampliando o número de alianças com os partidos que dão apoio ao governo", disse o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi. "Vamos crescer com a base aliada. Se você vai criando compromisso nos municípios, passa a construir para 2010."
A interrupção da ascensão do PT traz a reboque as três siglas diretamente alvejadas pela crise do mensalão: PR (ex-PL), PTB e PP. Respectivamente, têm até agora retração de 17%, 7% e 7%.
Presidente do TSE na época do mensalão, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello avalia como "um período de purificação nacional". E faz a ressalva: "Talvez pela falta de doações legais eles tenham recuado", disse, em referência ao uso de caixa dois.
"A questão da crise de 2005 não influenciou", diz Frateschi.
Apesar de naufragar no projeto de disputarem lado a lado as eleições deste ano com vistas para 2010, PSB e PC do B, siglas centrais no bloquinho, cresceram mais de 20%.
Gigante nos grotões do Brasil, o PMDB manteve a média de candidatos, com leve aumento. Neste ano, disputará ao menos 2.658 prefeituras.
Já a oposição apresenta um cenário pior. DEM, PSDB e PPS chegarão às urnas com um contingente que não faz sombra ao da última eleição municipal que disputaram na condição de governistas, em 2000.
Segundo o TSE, o DEM caiu 19%. Os tucanos, 5%. "Reduzimos as candidaturas em cidades menores e ampliamos nas grandes", diz o presidente do DEM, Rodrigo Maia.
No caso do PSDB, a sigla lançou 42.775 nomes em 2000. Hoje, tem em torno de 34 mil.


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