São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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MARKETING NO PALÁCIO
Tucano deixa 300 pessoas entrar na residência oficial
FHC abre o Alvorada em solenidade para a seleção

da Sucursal de Brasília

Com a popularidade em baixa, o presidente Fernando Henrique Cardoso, em decisão inédita durante seu governo, mandou abrir os portões do Palácio da Alvorada (residência oficial) para que 300 pessoas (segundo a PM) prestigiassem recepção à seleção brasileira, bicampeã da Copa América.
FHC recebeu e posou para fotos com a delegação brasileira ontem pela manhã no Alvorada. Nos últimos dias, o presidente vem recebendo personalidades de apelo popular, como o apresentador Ratinho e o padre Marcelo Rossi.
FHC passa pelo seu momento de maior impopularidade. A última pesquisa do Datafolha sobre o tema, publicada pela Folha em 20 de junho, mostra que 44% dos brasileiros consideram seu governo ruim ou péssimo.
Ontem, FHC deixou-se fotografar e filmar levantando a taça junto com Ronaldo, Cafu e Wanderley Luxemburgo. "A palavra não é minha, a palavra é de quem ganhou. Quem ganhou foi o nosso time, um grande time, que acredita no Brasil, como eu acredito neles", disse o presidente.
O próprio FHC ordenou que os seguranças abrissem o Alvorada para que as 300 pessoas que esperavam a saída dos jogadores ocupassem o jardim do palácio. Não houve controle, entrou quem quis. As pessoas cruzaram correndo o jardim até a porta do Alvorada, onde passaram a esperar a saída dos jogadores. "Ronaldinho, cadê você? Eu vim aqui só para te ver", gritavam.
Seguranças e policiais separavam as pessoas da porta do palácio. Um outro grupo de torcedores errou o endereço da festa e esperou pela seleção no Planalto.
A delegação brasileira saiu de dentro do Alvorada com FHC, Ronaldo e Cafu -com a taça- à frente. Ao ouvir as pessoas gritarem o nome do goleiro Dida, FHC puxou o jogador para frente e levantou seu braço.
O presidente afirmou aos jogadores que o Brasil está orgulhoso e que eles são "exemplos" para o país. Ele elogiou a garra e a solidariedade dos jogadores. "Se há alguma coisa de que o Brasil se orgulha, além do nosso samba e Carnaval, é o nosso futebol. Vocês, ontem (anteontem), mostraram o que é o Brasil", disse.
Dida afirmou que "de maneira nenhuma" se sentiu usado pelo governo. Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, disse que partiu da entidade a idéia de trazer a seleção para visitar Brasília e FHC.
Segundo ele, foi uma forma de retribuir o apoio que a seleção vice-campeã do mundo recebeu na cidade no ano passado.
Sobre o fato de a seleção ajudar na popularidade do presidente, Teixeira respondeu: "De política, eu não entendo". Ele se recusou a responder perguntas da Folha. (AUGUSTO GAZIR e LUIZA DAMÉ)


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