São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2000
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POLÍTICA & PALHAÇADA Filme de terror na sessão da tarde! HUGO POSSOLO ESPECIAL PARA A FOLHA S e você é do tipo que tem medo de filmes de terror, não assista ao horário político na TV. Tudo é muito assustador. É uma sequência de filmes B, editados em ritmo de videoclipe. É o FMM! Festival do Minuto Medíocre! Troféu Santa Clara para os candidatos a vereador! E nós, pobres telespectadores, assistimos em dúvida. É a dúvida Tostines. São filmes de terror que viram comédias ou comédias que viram filmes de terror? São as videocassetadas da palavra! Um falando mais besteira que o outro. E nós vamos deixar esses caras cuidarem na nossa grana? Sai para lá, mano! O relógio dá 13 badaladas. Pegue a pipoca. Ajeite-se no sofá. A sessão da tarde de torturas vai começar! Meia hora de puro terror O filme começa com Frankstein. Quem faz o papel é uma tal de Havanir, do Prona. Ela grita com o telespectador. Acho que está com raiva da gente. Dá um calmante pra ela! A doida vai ter um ataque do coração na frente da tela. Tudo bem, depois o doutor Enéas faz uma safena de graça para ela. Entra em cena a Carola, uma Barbie que caiu na frigideira. Ela começa de costas, como mocinha. Em seguida, a câmera mostra a danada de frente e aparece o monstro. Susto na platéia! Sempre tem que ter um lado de comédia no filme de terror. É o papel de um tal de Chiquinho 90? Coitado! Já está defasado no tempo. Noventa? Avisa que já estamos em 2000! Pior, o infeliz se apresenta como "advogado e casado". Sorte dele! Não vai gastar com o divórcio. Já os publici-otários do Maluf conceberam um filme sobre a Segunda Guerra. Aparece uma foto, dentro de um jornal, de alguém colocando o cinto de segurança. Avisam que muitas coisas que impôs à força, depois foram aceitas. Falavam isso de Hitler e dos judeus, que caminhavam de cabeça baixa. E alguém já viu prisioneiro levantar a cabeça diante de uma metralhadora? E o Maluco, digo, Maluf aparece sorridente prometendo repetir a dose. Sai para lá, xará! Cena de emoção. A turma do PT adotou a velha vassoura do janismo! Na musiquinha, surge um varredor de rua fazendo uns rodopios. Só gira para a direita. Por que será? No meio de toda essa alegria, surge um morto-vivo, Erasmo Dias. Que susto! Mas passa rápido. Ufa! Nesses filmes, sempre tem que ter um adolescente em crise! Na verdade, ele entra na história pra tomar na cabeça e no final aprender a lição. É o papel do PSTU. Os caras fazem oposição até para a mãe deles. São revoltadinhos, mas sabem que não metem medo. Mais um susto. É a múmia grisalha! É o Collor! Aaaah! Vade retro! Dele é melhor não falar nem de brincadeira. Próximo! Querem me dizer que o tal de Zé de Abreu é engraçado! Estou fora! Esse truque é manjado. O cara faz umas graçolas e conquista espaço. Quem sabe vai até no Jô. Tipo Enéas. Conheço esses efeitos especiais. Eles aparecem com cara de bonzinhos, fazendo a gente rir e, depois, PLOFT! Viram o Chuck, o boneco assassino! E, para completar a comédia, surge um tipo sombrio chamado Américo Calandriello, do PFL. Ele coloca ao seu lado um pobre coitado representando um vampiro. Está na cara que quem deveria fazer o vampiro era ele. E ainda economizava o cachê. Ou será que é algum parente dele pagando o mico? Outro monstro aterrorizante, do melhor estilo Godzila, é um tal de Sérgio Vito, do PTB. O bicho está fora de sincronia. A boca mexe e o som vem depois. O monstro esbraveja, que até espuma, mas o rosto é rígido, que não nove um músculo. Ai, que meda. E os filhinhos de papai? Tem um candidato que se apresenta como filho do João Leite Neto. E daí, bocó?! Mostra o que você sabe fazer. A monarquia já acabou bebé. E tem outros! Sobrinho do Jatene, filho deste, filha daquela. Tem até filho da... Deixa pra lá. E o PMDB? Descobriram que tucanaiada chegou ao poder ficando em cima do muro. Resolveram fazer o mesmo. Colocaram uma loira e uma morena para apresentar o programa. É o Tchan sem bunda! Aliás, bundas são os candidatos. Uma foto atrás da outra e todos com cara de bunda. Podia ser o PMDB, Partido do Movimento Das Bundas. Por favor, mostrem mais a loira e a morena. Pode não ganhar eleição, mas dá uma grana! A mídia é assim. Aposto que uma delas ainda vai posar para a Playboy e de quebra vai pra ilha de Caras. Com sorte ainda acaba casando com um jogador de futebol ou com um pagodeiro. Para isso, a loira tem mais chances. The End! Fim da sessão! Ah, como é fácil o caminho do sucesso neste país. E tem gente que ainda reclama! Hugo Possolo é palhaço, dramaturgo e diretor do grupo Parlapatões, Patifes & Paspalhões. Texto Anterior: Panorâmica: Tasso descansa em Nova York Índice |
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