São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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BASTIDORES

Lula é recebido com tratamento especial

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o único dos quatro candidatos ao Palácio do Planalto a merecer uma deferência especial do presidente Fernando Henrique Cardoso: após a reunião com assessores, os dois conversaram a sós, e amistosamente, numa sala ao lado do gabinete presidencial.
FHC foi quem chamou Lula para a conversa, que durou cerca de 10 minutos, e lhe disse que achava "muito boas para o país" as demonstrações de "maturidade" que o petista vem dando ao longo da campanha.
Lula elogiou a iniciativa do presidente de se reunir com a oposição e pediu "carinho" no tratamento do governo federal para as dívidas de Minas e para o ex-presidente Itamar Franco. FHC prometeu boa vontade.
Conforme a Folha apurou, o petista recebeu uma sinalização de FHC de que será seu candidato no segundo turno, caso o tucano José Serra não chegue lá.
A deferência de FHC a Lula ocorreu justamente na véspera do início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV e quando o petista se distancia na dianteira das pesquisas.
Segundo pesquisa Datafolha publicada no domingo, Lula está com 37%, dez pontos à frente de Ciro Gomes (PPS), segundo colocado. Serra, com 13%, está tecnicamente empatado com Anthony Garotinho (PSB), que tem 12%.

Apoio ao FMI
Antes de receber os candidatos, FHC fez uma última rodada de reuniões com ministros e assessores, quando comentaram o fato de 40% dos entrevistados do Datafolha se manifestarem a favor do acordo com o FMI. Julgavam que o resultado poderia favorecer o clima dos encontros com os oposicionistas. A pesquisa não foi discutida com os candidatos.
A Folha apurou que FHC foi "cordial" com Ciro, com quem tem relacionamento difícil, mas foi mais do que isso, "amistoso" mesmo, com Lula. Os dois foram descritos por auxiliares de FHC como "velhos amigos".
O governo acompanhou a movimentação do mercado financeiro, que respondeu bem, segundo a avaliação da equipe de FHC. O dólar caiu um pouco e o risco-país também.
O ministro Pedro Malan (Fazenda), que participou dos encontros, elogiou para Ciro Gomes a escolha do economista José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Princeton (EUA), para integrar seu time de campanha.

Postura de estadista
Apesar do clima de seu encontro com o presidente ter sido mais sóbrio do que o de Lula, Ciro disse ao vice-ministro da Fazenda alemão, Caio Koch-Weser, em almoço na Embaixada da Alemanha, que FHC tinha tido "uma postura de estadista".
O governo julgou "equilibrada" a declaração de Ciro, ainda no palácio, criticando a política econômica mas admitindo a inevitabilidade do acordo com o FMI. Ele é considerado o candidato que, hoje, mais assusta o mercado.
Quanto a Anthony Garotinho (PSB): apesar de ele ter sido duro em suas manifestações públicas posteriores, durante o encontro ele ouviu e não contestou os termos do acordo com o FMI.


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