|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASTIDORES
Lula é recebido com tratamento especial
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi
o único dos quatro candidatos ao
Palácio do Planalto a merecer
uma deferência especial do presidente Fernando Henrique Cardoso: após a reunião com assessores,
os dois conversaram a sós, e amistosamente, numa sala ao lado do
gabinete presidencial.
FHC foi quem chamou Lula para a conversa, que durou cerca de
10 minutos, e lhe disse que achava
"muito boas para o país" as demonstrações de "maturidade"
que o petista vem dando ao longo
da campanha.
Lula elogiou a iniciativa do presidente de se reunir com a oposição e pediu "carinho" no tratamento do governo federal para as
dívidas de Minas e para o ex-presidente Itamar Franco. FHC prometeu boa vontade.
Conforme a Folha apurou, o petista recebeu uma sinalização de
FHC de que será seu candidato no
segundo turno, caso o tucano José
Serra não chegue lá.
A deferência de FHC a Lula
ocorreu justamente na véspera do
início do horário eleitoral gratuito
no rádio e na TV e quando o petista se distancia na dianteira das
pesquisas.
Segundo pesquisa Datafolha
publicada no domingo, Lula está
com 37%, dez pontos à frente de
Ciro Gomes (PPS), segundo colocado. Serra, com 13%, está tecnicamente empatado com Anthony
Garotinho (PSB), que tem 12%.
Apoio ao FMI
Antes de receber os candidatos,
FHC fez uma última rodada de
reuniões com ministros e assessores, quando comentaram o fato
de 40% dos entrevistados do Datafolha se manifestarem a favor
do acordo com o FMI. Julgavam
que o resultado poderia favorecer
o clima dos encontros com os
oposicionistas. A pesquisa não foi
discutida com os candidatos.
A Folha apurou que FHC foi
"cordial" com Ciro, com quem
tem relacionamento difícil, mas
foi mais do que isso, "amistoso"
mesmo, com Lula. Os dois foram
descritos por auxiliares de FHC
como "velhos amigos".
O governo acompanhou a movimentação do mercado financeiro, que respondeu bem, segundo
a avaliação da equipe de FHC. O
dólar caiu um pouco e o risco-país também.
O ministro Pedro Malan (Fazenda), que participou dos encontros, elogiou para Ciro Gomes
a escolha do economista José Alexandre Scheinkman, professor da
Universidade de Princeton
(EUA), para integrar seu time de
campanha.
Postura de estadista
Apesar do clima de seu encontro com o presidente ter sido mais
sóbrio do que o de Lula, Ciro disse
ao vice-ministro da Fazenda alemão, Caio Koch-Weser, em almoço na Embaixada da Alemanha,
que FHC tinha tido "uma postura
de estadista".
O governo julgou "equilibrada"
a declaração de Ciro, ainda no palácio, criticando a política econômica mas admitindo a inevitabilidade do acordo com o FMI. Ele é
considerado o candidato que, hoje, mais assusta o mercado.
Quanto a Anthony Garotinho
(PSB): apesar de ele ter sido duro
em suas manifestações públicas
posteriores, durante o encontro
ele ouviu e não contestou os termos do acordo com o FMI.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Análise: Encontros tiveram apenas efeito simbólico Índice
|