São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 2000

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MST fica indignado com as declarações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) reagiu às declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso com indignação.
"Nós não estamos pedindo esmola ou aposentadoria ao governo. Esse dinheiro vai voltar para o Tesouro", reagiu Gilberto Portes, da direção nacional do MST.
Portes disse que a liberação de R$ 2.000 para as famílias assentadas mais carentes não seria "jogar dinheiro fora, mas um investimento na viabilização da produção (de alimentos)".
"Os milhares de trabalhadores rurais beneficiados não se tornariam desempregados disputando comida nas cidades futuramente", afirmou o líder dos sem-terra. O presidente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno, considerou "uma ofensa" a comparação entre os sem-terra e os funcionários públicos.
"O presidente não deveria falar nesses termos e achar que o trabalhador rural é um parasita ou coisa semelhante", disse o bispo.
A CPT é um organismo da Igreja Católica, ligada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Brasília, Francisco Machado, disse ontem que é "motivo de orgulho" a comparação feita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso entre os membros do MST e o funcionalismo em razão da luta dos dois grupos contra a "política neoliberal".
"Do ponto de vista da disposição de luta orgânica contra uma política neoliberal, é motivo de júbilo. Ele mostra que reconhece a nossa luta."
Machado disse que FHC insinuou que os servidores são parasitas do erário público. "Lutamos por aumento e reposição de perdas salariais, porque queremos o reconhecimento do servidor. Esse serviço é prestado com qualidade, desempenho e dedicação."
A senadora Heloísa Helena (PT-AL), líder do Bloco da Oposição no Senado, considerou uma ""ousadia" a declaração do presidente criticando os trabalhadores sem-terra e, ao mesmo tempo, os servidores públicos.
""É uma ousadia do presidente tentar desqualificar o MST desqualificando o funcionalismo público, um setor fundamental para o país que já sofreu uma campanha neonazista nesse governo."


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