São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Mas candidato evita relacionar diretamente turbulência do mercado econômico à situação de Lula nas pesquisas

Serra liga alta do dólar à 'tensão pré-eleitoral'

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato a presidente José Serra (PSDB) afirmou ontem que a alta do dólar e a turbulência do mercado financeiro são reflexos da tensão pré-eleitoral e do contexto econômico internacional.
O candidato evitou relacionar diretamente a crise a seu principal adversário, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. "A alta do dólar tem relação com a situação internacional e inegavelmente com a tensão pré-eleitoral no Brasil."
Questionado sobre o fato de a crise ser atribuída à estabilidade de Lula nas pesquisas de intenção de voto, o tucano foi evasivo. Disse que isso é uma questão para "analistas de mercado", não para um candidato a presidente. "Sou candidato, não sou analista econômico, apesar de economista."
A cautela de Serra faz parte da estratégia de campanha do PSDB, em que a ordem é expor os petistas a contradições em seus discursos, mas preservando a imagem do tucano, que teme ser prejudicado nas urnas por parecer excessivamente agressivo com o rival.
Serra evitou comentar se a alta do dólar poderia ser usada em seu horário eleitoral contra Lula. "O tom será o mesmo que os outros programas estão tendo."

Liberação de verbas
Há uma semana, o governo federal liberou R$ 3,3 milhões para obras contra a seca no Piauí, graças à discreta pressão exercida nos bastidores pela campanha de Serra. A verba estava atrasada, o que deixava exasperados os aliados do tucano no Estado.
O ministro Guilherme Dias (Planejamento), aliado de Serra, foi claro: cada dia de atraso era debitado na conta eleitoral de Serra. Ontem o Planalto liberou mais R$ 75 milhões para combater a seca.
A campanha de Serra exerce cerrada vigilância sobre as decisões do governo. O tucano já se opôs a aumentos do gás de cozinha, da gasolina e do pãozinho. Depois disso, obteve do Planalto que não iria mais ser apanhado de surpresa por aumentos decididos pelas áreas técnicas.
A Petrobras quer aumentar a gasolina. A campanha de Serra contabiliza o presidente da estatal, Francisco Gros, na conta dos simpatizantes de Ciro Gomes (PPS). Mas Gros parece ter sido convencido de que não há como tomar uma decisão técnica com as bruscas variações do dólar.
Nessa área, Serra conta com um discreto aliado: o presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Sebastião do Rego Barros. A ANP não tem poder para determinar o preço dos combustíveis, mas Barros é ouvido.
"Em condições normais de mercado, há uma série de preços dolarizados e que poderiam ter aumentos", diz o coordenador do programa de governo de Serra, o tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas, prefeito de Vitória. "Mas não estamos vivendo um período normal. Estamos sob um ataque especulativo", afirmou.
Vellozo Lucas teve quatro reuniões com representantes estrangeiros do mercado, nesta semana. "Eles só querem saber quem vai ganhar a eleição. Se o PT ganha no primeiro turno", disse o tucano.



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