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CAMPANHA
Mas candidato evita relacionar diretamente turbulência do mercado econômico à situação de Lula nas pesquisas
Serra liga alta do dólar à 'tensão pré-eleitoral'
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato a presidente José
Serra (PSDB) afirmou ontem que
a alta do dólar e a turbulência do
mercado financeiro são reflexos
da tensão pré-eleitoral e do contexto econômico internacional.
O candidato evitou relacionar
diretamente a crise a seu principal
adversário, o petista Luiz Inácio
Lula da Silva. "A alta do dólar tem
relação com a situação internacional e inegavelmente com a tensão pré-eleitoral no Brasil."
Questionado sobre o fato de a
crise ser atribuída à estabilidade
de Lula nas pesquisas de intenção
de voto, o tucano foi evasivo. Disse que isso é uma questão para
"analistas de mercado", não para
um candidato a presidente. "Sou
candidato, não sou analista econômico, apesar de economista."
A cautela de Serra faz parte da
estratégia de campanha do PSDB,
em que a ordem é expor os petistas a contradições em seus discursos, mas preservando a imagem
do tucano, que teme ser prejudicado nas urnas por parecer excessivamente agressivo com o rival.
Serra evitou comentar se a alta
do dólar poderia ser usada em seu
horário eleitoral contra Lula. "O
tom será o mesmo que os outros
programas estão tendo."
Liberação de verbas
Há uma semana, o governo federal liberou R$ 3,3 milhões para
obras contra a seca no Piauí, graças à discreta pressão exercida
nos bastidores pela campanha de
Serra. A verba estava atrasada, o
que deixava exasperados os aliados do tucano no Estado.
O ministro Guilherme Dias
(Planejamento), aliado de Serra,
foi claro: cada dia de atraso era debitado na conta eleitoral de Serra.
Ontem o Planalto liberou mais R$
75 milhões para combater a seca.
A campanha de Serra exerce
cerrada vigilância sobre as decisões do governo. O tucano já se
opôs a aumentos do gás de cozinha, da gasolina e do pãozinho.
Depois disso, obteve do Planalto
que não iria mais ser apanhado de
surpresa por aumentos decididos
pelas áreas técnicas.
A Petrobras quer aumentar a
gasolina. A campanha de Serra
contabiliza o presidente da estatal, Francisco Gros, na conta dos
simpatizantes de Ciro Gomes
(PPS). Mas Gros parece ter sido
convencido de que não há como
tomar uma decisão técnica com
as bruscas variações do dólar.
Nessa área, Serra conta com um
discreto aliado: o presidente da
ANP (Agência Nacional do Petróleo), Sebastião do Rego Barros. A
ANP não tem poder para determinar o preço dos combustíveis,
mas Barros é ouvido.
"Em condições normais de
mercado, há uma série de preços
dolarizados e que poderiam ter
aumentos", diz o coordenador do
programa de governo de Serra, o
tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas,
prefeito de Vitória. "Mas não estamos vivendo um período normal. Estamos sob um ataque especulativo", afirmou.
Vellozo Lucas teve quatro reuniões com representantes estrangeiros do mercado, nesta semana.
"Eles só querem saber quem vai
ganhar a eleição. Se o PT ganha no
primeiro turno", disse o tucano.
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