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HORÁRIO ELEITORAL
Pela primeira vez, petista abandona linha de ignorar ataques; tucano compara programa de rival com o de Maluf
Na TV, Lula reage a Serra, que ataca de novo
RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL
A propaganda televisiva de Luiz
Inácio Lula da Silva abandonou
ontem pela primeira vez a linha
de ignorar ataques e falar apenas
das propostas do candidato. O
programa noturno do petista foi
aberto por uma apresentadora escalada para responder à ofensiva
iniciada na terça-feira pela campanha de José Serra.
Por sua vez, o tucano voltou à
carga. Além de repetir quadros
destinados a acusar o adversário
Lula de falta de preparo, Serra estreou um bloco que aponta semelhanças entre proposta apresentada na atual campanha pelo petista
e uma feita em 1998 por Paulo
Maluf (PPB), à época, como hoje,
candidato ao governo paulista.
Na abertura do programa de
Lula, a apresentadora atribuiu os
ataques de Serra aos 25 pontos de
vantagem abertos pelo petista no
mais recente Vox Populi. "A
questão não é quem tem diploma", disse ela, observando pouco
depois que Fernando Collor, vitorioso na eleição de 1989 e afastado
do cargo por corrupção, "era formado e tinha diploma".
A mesma apresentadora tratou
da questão dos 10 milhões de novos empregos citados em documentos do PT, alvo de cobranças
da propaganda do PSDB. A discussão, afirmou, "não é relevante". O importante seria dar a Lula
a "oportunidade" de criar as vagas. Serra teria desperdiçado sua
chance. Em seguida foi exibido
gráfico do aumento do desemprego no período em que ele foi ministro do Planejamento de FHC.
Mais explícita na abertura, a resposta aos tucanos se espalhou pelo programa. Outro apresentador
descreveu Lula como "alguém capaz de agregar, de somar" -referência indireta à característica de
desagregador que adversários
costumam atribuir a Serra.
Por fim, o próprio Lula entrou
em cena para ancorar um desfile
de obras de administrações petistas, na tentativa de neutralizar o
binômio inexperiência/baderna
que a propaganda tucana busca
associar ao adversário.
O programa de Serra, exibido
depois, foi aberto com uma comparação entre propagandas de
Lula e Maluf, ambas assinadas pelo marqueteiro Duda Mendonça.
Na peça levada ao ar em 1998, o
pepebista elogia projeto de venda
de remédios a preços populares
criado por Miguel Arraes, então
governador de Pernambuco.
"Uma boa idéia que passou a fazer parte do meu programa de governo." Na peça de 2002, Lula repete o elogio com palavras quase
iguais: "Passou a fazer parte do
meu programa de governo com o
nome de Farmácia Popular."
Ao final da comparação, o apresentador quer saber "quem escreveu o programa de governo do
PT", formulação que visa reforçar
a idéia da influência de Duda
Mendonça sobre o candidato.
"Nossa campanha não faz baixarias nem comenta as baixarias
dos outros", disse o marqueteiro
de Lula depois da exibição do programa. A atual disputa opõe os
baianos Duda e Nizan Guanaes,
publicitário responsável pela criação da propaganda de Serra. Os
dois já trabalharam juntos.
A nova fase da campanha televisiva de Serra foi inaugurada na esteira de pesquisas que apontaram
o aumento das chances de vitória
de Lula no primeiro turno da eleição presidencial.
Colaborou KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de Brasília
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