São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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HORÁRIO ELEITORAL

Pela primeira vez, petista abandona linha de ignorar ataques; tucano compara programa de rival com o de Maluf

Na TV, Lula reage a Serra, que ataca de novo

RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL

A propaganda televisiva de Luiz Inácio Lula da Silva abandonou ontem pela primeira vez a linha de ignorar ataques e falar apenas das propostas do candidato. O programa noturno do petista foi aberto por uma apresentadora escalada para responder à ofensiva iniciada na terça-feira pela campanha de José Serra.
Por sua vez, o tucano voltou à carga. Além de repetir quadros destinados a acusar o adversário Lula de falta de preparo, Serra estreou um bloco que aponta semelhanças entre proposta apresentada na atual campanha pelo petista e uma feita em 1998 por Paulo Maluf (PPB), à época, como hoje, candidato ao governo paulista.
Na abertura do programa de Lula, a apresentadora atribuiu os ataques de Serra aos 25 pontos de vantagem abertos pelo petista no mais recente Vox Populi. "A questão não é quem tem diploma", disse ela, observando pouco depois que Fernando Collor, vitorioso na eleição de 1989 e afastado do cargo por corrupção, "era formado e tinha diploma".
A mesma apresentadora tratou da questão dos 10 milhões de novos empregos citados em documentos do PT, alvo de cobranças da propaganda do PSDB. A discussão, afirmou, "não é relevante". O importante seria dar a Lula a "oportunidade" de criar as vagas. Serra teria desperdiçado sua chance. Em seguida foi exibido gráfico do aumento do desemprego no período em que ele foi ministro do Planejamento de FHC.
Mais explícita na abertura, a resposta aos tucanos se espalhou pelo programa. Outro apresentador descreveu Lula como "alguém capaz de agregar, de somar" -referência indireta à característica de desagregador que adversários costumam atribuir a Serra.
Por fim, o próprio Lula entrou em cena para ancorar um desfile de obras de administrações petistas, na tentativa de neutralizar o binômio inexperiência/baderna que a propaganda tucana busca associar ao adversário.
O programa de Serra, exibido depois, foi aberto com uma comparação entre propagandas de Lula e Maluf, ambas assinadas pelo marqueteiro Duda Mendonça.
Na peça levada ao ar em 1998, o pepebista elogia projeto de venda de remédios a preços populares criado por Miguel Arraes, então governador de Pernambuco. "Uma boa idéia que passou a fazer parte do meu programa de governo." Na peça de 2002, Lula repete o elogio com palavras quase iguais: "Passou a fazer parte do meu programa de governo com o nome de Farmácia Popular."
Ao final da comparação, o apresentador quer saber "quem escreveu o programa de governo do PT", formulação que visa reforçar a idéia da influência de Duda Mendonça sobre o candidato.
"Nossa campanha não faz baixarias nem comenta as baixarias dos outros", disse o marqueteiro de Lula depois da exibição do programa. A atual disputa opõe os baianos Duda e Nizan Guanaes, publicitário responsável pela criação da propaganda de Serra. Os dois já trabalharam juntos.
A nova fase da campanha televisiva de Serra foi inaugurada na esteira de pesquisas que apontaram o aumento das chances de vitória de Lula no primeiro turno da eleição presidencial.


Colaborou KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de Brasília



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