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MÍDIA
Para preservar imagem, candidatos são mais agressivos no rádio do que na TV
Longe dos olhos perto do fígado
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se no horário eleitoral da TV o
PT ainda tentou manter um tom
moderado em sua resposta a Serra, no rádio o partido fez ataques
mais diretos ao tucano, afirmando que ele partiu para a "baixaria"
e merece um "puxão de orelha".
O movimento faz parte uma estratégia adotada pela maioria dos
políticos: deixar para o rádio as
críticas mais pesadas ao adversário, tentando não ter a sua imagem atrelada à agressividade.
Duda Mendonça, marqueteiro
da campanha de Lula, é adepto
dessa tática e chegou a falar dela
em seu livro "Casos e Coisas", sobre marketing político, de 2001.
Assim, elaborou para o rádio uma
resposta contundente aos ataques
disparados na televisão, terça, pelo PSDB, que disse que "o PT que
você vê na TV é maquiado".
Locutores petista rebateram ontem no ar: "Já começou a baixaria.
Que coisa mais sem modos. O
Serra, uma pessoa com estudo,
cheio de diploma, diz que é preparado... Mas tá merecendo mesmo
é um puxão de orelha! Não é o jeito de agir de um candidato à Presidência da República, né?!".
Na TV, a resposta foi um tom
abaixo. A propaganda preferiu
"vitimizar" Lula e optou por criticar a política de empregos do
atual governo, dizendo que Serra
já teve a chance de criá-los.
No rádio, a propaganda petista
também respondeu com ataques
à acusação do tucano de que "Lula renegou a promessa de gerar 10
milhões de empregos". "Nessa
confusão toda de número, quantos empregos [o Lula vai gerar]?
Seriam necessários 10 milhões. Só
pra recuperar o tanto de desempregados do governo FHC, precisa mais de 11 milhões. Mas, se o
PSDB de Serra e do Fernando
Henrique sabe criar 8 milhões,
por que não fez antes?"
O projeto "Segunda-Feira", de
Serra, já fora satirizado pelo PT no
rádio. Imitando Silvio Santos, um
locutor disse: "É o "Show dos Oito
Milhões de Empregos". Vamos
abrir a "Porta da Lambança". Oiê!
Só tem 15 empregos. É pouco!".
A campanha de Serra reserva ao
rádio ataques mais irônicos. É dos
tucanos a figura mais caricata do
horário eleitoral: Tony Show da
Paraíba, comunicador famoso em
João Pessoa, que abusa da linguagem popular e grita no comando
do programa "Hora da Verdade".
Tony foi escolhido para criticar
Ciro Gomes (PPS), quando ele estava em segundo lugar. Foi o âncora que explorou o "caso Patrícia
Pillar" (em que Ciro disse que o
papel da mulher era dormir com
ele). Chegou a dizer que "tomava
cacete" da mulher se dissesse o
mesmo. Na TV, Serra não usou o
episódio e optou por homenagear
às mulheres.
Já Ciro, apesar de ter concentrado a participação de Patrícia Pillar
no rádio, não tem usado estrategicamente o veículo. Respondeu
abertamente na TV às críticas feitas por Serra na "Hora da Verdade". E muitas vezes usa o mesmo
programa da TV no rádio, o que
torno alguns trechos incompreensíveis aos ouvintes e cria situações esdrúxulas. Para se defender dos ataques de Serra, por
exemplo, disse no rádio: "Mulher,
olhe fundo nos meus olhos".
Para o rádio também fica reservado o tom mais debochado contra os adversários. Sério na televisão, o candidato do PT ao governo de São Paulo, José Genoino,
criou um quadro para o rádio: "O
governador deve tá subindo a serra. Ih! Mas, se depender de Serra
pra subir, tá lascado!".
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