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Planalto decide apoiar Aldo para vaga de Severino
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O Palácio do Planalto decidiu
investir num nome fora do PT como candidato consensual à presidência da Câmara dos Deputados
no lugar de Severino Cavalcanti
(PP-PE), que se encontrou com o
presidente Lula ontem e deve renunciar amanhã. Esse nome é o
de Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Aldo tem quatro vantagens, na
opinião dos articuladores de sua
candidatura: 1) um temperamento ameno e negociador; 2) um
partido periférico e fora da disputa dos grandes (PT, PMDB, PSDB
e PFL); 3) mais chance do que um
petista de unir os governistas, hoje dispersos; 4) canais com o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), e com o prefeito
do Rio, Cesar Maia (PFL).
Dois argumentos foram usados
internamente no governo para
chegar ao nome de Rebelo em lugar de alguém do PT: as correntes
petistas inviabilizam todos os potenciais candidatos do partido. Os
moderados não aceitam alguém
da esquerda, e vice-versa. O Planalto teme apoiar uma opção da
oposição, por mais "light" que seja, num ano pré-eleitoral.
Apesar de começar a trabalhar o
nome de Rebelo, o Planalto não
quer ser patrocinador da candidatura, pois qualquer nome lançado pelo presidente será automaticamente rejeitado pela Câmara. Como Rebelo foi coordenador político e líder do governo, é
praticamente impossível dissociá-lo do Planalto, mas a intenção
dos próximos a Lula é ficar o mais
longe possível tanto do seu lançamento quanto das negociações.
A cautela para não inviabilizar
Rebelo chega ao próprio candidato, que tem sido enfático em negar
que tenha intenção de concorrer e
dito que prefere um nome do PT.
Ele, porém, já iniciou contatos para testar suas chances.
Além de Aldo, há outros nomes
sendo articulados como candidatos de consenso. Porém como
nem governistas nem oposicionistas se entendem em torno de
nenhum deles, o mais provável é
que a tese do consenso ceda espaço para uma espécie de meio-termo na sucessão de Severino.
Esse meio-termo vem sendo
chamado de "disputa racional"
ou "eleição civilizada". Ou seja,
sem guerra, sem revanche e, principalmente, sem outra solução
problemática como a que elegeu o
próprio Severino.
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