São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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Planalto decide apoiar Aldo para vaga de Severino

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O Palácio do Planalto decidiu investir num nome fora do PT como candidato consensual à presidência da Câmara dos Deputados no lugar de Severino Cavalcanti (PP-PE), que se encontrou com o presidente Lula ontem e deve renunciar amanhã. Esse nome é o de Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Aldo tem quatro vantagens, na opinião dos articuladores de sua candidatura: 1) um temperamento ameno e negociador; 2) um partido periférico e fora da disputa dos grandes (PT, PMDB, PSDB e PFL); 3) mais chance do que um petista de unir os governistas, hoje dispersos; 4) canais com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e com o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL).
Dois argumentos foram usados internamente no governo para chegar ao nome de Rebelo em lugar de alguém do PT: as correntes petistas inviabilizam todos os potenciais candidatos do partido. Os moderados não aceitam alguém da esquerda, e vice-versa. O Planalto teme apoiar uma opção da oposição, por mais "light" que seja, num ano pré-eleitoral.
Apesar de começar a trabalhar o nome de Rebelo, o Planalto não quer ser patrocinador da candidatura, pois qualquer nome lançado pelo presidente será automaticamente rejeitado pela Câmara. Como Rebelo foi coordenador político e líder do governo, é praticamente impossível dissociá-lo do Planalto, mas a intenção dos próximos a Lula é ficar o mais longe possível tanto do seu lançamento quanto das negociações.
A cautela para não inviabilizar Rebelo chega ao próprio candidato, que tem sido enfático em negar que tenha intenção de concorrer e dito que prefere um nome do PT. Ele, porém, já iniciou contatos para testar suas chances.
Além de Aldo, há outros nomes sendo articulados como candidatos de consenso. Porém como nem governistas nem oposicionistas se entendem em torno de nenhum deles, o mais provável é que a tese do consenso ceda espaço para uma espécie de meio-termo na sucessão de Severino.
Esse meio-termo vem sendo chamado de "disputa racional" ou "eleição civilizada". Ou seja, sem guerra, sem revanche e, principalmente, sem outra solução problemática como a que elegeu o próprio Severino.


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