São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 2006

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Crise do mensalão foi uma construção fantasmagórica da mídia, afirma Chaui

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A filósofa e ideóloga do PT Marilena Chaui afirmou ontem que a crise do mensalão foi uma "construção fantasmagórica" da mídia, que, com seu poder, "tornou Deus inútil". Apesar disso, avaliou que o povo começa a se libertar desse domínio e o voto das camadas populares em Luiz Inácio Lula da Silva reflete a chegada da verdadeira democracia no país.
Em palestra no Sindicato dos Bancários sobre a mídia e o poder, ontem em Brasília, Chaui usou a crise política e os escândalos de corrupção para exemplificar sua tese de que a mídia usa "a ideologia da competência" e seu aparato de encenação e persuasão como forma de poder.
"Nesse sentido a mídia tornou Deus inútil. E vimos esse poder em 2005 com a criação midiática da crise política", disse Chaui. Ela citou o filósofo Hegel para dizer que houve predomínio da cultura de terror na qual todos são suspeitos e todos os suspeitos são culpados.
Não falou especificamente das acusações de corrupção ou pagamento de mensalão. Mas disse que a corrupção no país é "endêmica" e "estrutural". "Não existe a [corrupção] "jamais vista". A [corrupção] "jamais vista" começou em 1500", afirmou.
Ela vê uma divisão entre os chamados formadores de opinião -definidos como meia dúzia de articulistas- e a verdadeira opinião da população, que prefere Lula.
"O que parece se anunciar nas próximas eleições é que a realidade é mais forte que o simulacro, que o pensamento é mais forte que a manipulação e que a experiência social é mais forte que a intimidação. A construção da democracia está a caminho", disse. "Ao que tudo indica, o povo tem opinião e a exprime publicamente."
Ela disse também que suas primeiras impressões são de que nestas eleições há uma "auto-afirmação das classes populares".


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