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Foco
Crise do mensalão foi uma construção fantasmagórica da mídia, afirma Chaui
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A filósofa e ideóloga do PT
Marilena Chaui afirmou ontem que a crise do mensalão
foi uma "construção fantasmagórica" da mídia, que,
com seu poder, "tornou
Deus inútil". Apesar disso,
avaliou que o povo começa a
se libertar desse domínio e o
voto das camadas populares
em Luiz Inácio Lula da Silva
reflete a chegada da verdadeira democracia no país.
Em palestra no Sindicato
dos Bancários sobre a mídia
e o poder, ontem em Brasília,
Chaui usou a crise política e
os escândalos de corrupção
para exemplificar sua tese de
que a mídia usa "a ideologia
da competência" e seu aparato de encenação e persuasão como forma de poder.
"Nesse sentido a mídia
tornou Deus inútil. E vimos
esse poder em 2005 com a
criação midiática da crise
política", disse Chaui. Ela citou o filósofo Hegel para dizer que houve predomínio
da cultura de terror na qual
todos são suspeitos e todos
os suspeitos são culpados.
Não falou especificamente
das acusações de corrupção
ou pagamento de mensalão.
Mas disse que a corrupção
no país é "endêmica" e "estrutural". "Não existe a [corrupção] "jamais vista". A [corrupção] "jamais vista" começou em 1500", afirmou.
Ela vê uma divisão entre
os chamados formadores de
opinião -definidos como
meia dúzia de articulistas- e
a verdadeira opinião da população, que prefere Lula.
"O que parece se anunciar
nas próximas eleições é que a
realidade é mais forte que o
simulacro, que o pensamento é mais forte que a manipulação e que a experiência social é mais forte que a intimidação. A construção da democracia está a caminho",
disse. "Ao que tudo indica, o
povo tem opinião e a exprime publicamente."
Ela disse também que suas
primeiras impressões são de
que nestas eleições há uma
"auto-afirmação das classes
populares".
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