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Clima é de desconfiança entre petistas das campanhas de Mercadante e de Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
Um clima de perplexidade e
desconfiança generalizada se
instalou no PT depois da descoberta que petistas teriam intermediado, por R$ 1,7 milhão, a
venda do dossiê elaborado pela
família Vedoin. O objetivo do
dossiê seria apontar o suposto
envolvimento de tucanos, entre eles José Serra, na compra
superfaturada de ambulâncias.
Petistas envolvidos nas campanhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição e de
Aloizio Mercadante ao governo
de São Paulo trocam insinuações silenciosas sobre os responsáveis pela "lambança".
Coordenadores da campanha de Mercadante cobram esclarecimentos sobretudo de
Jorge Lorenzetti, que até ontem era analista de risco e mídia da campanha de Lula. O nome de Lorenzetti apareceu depois da prisão do advogado Gedimar Passos e de Valdebran
Padilha, que teriam intermediado a venda do dossiê.
Já uma estratégia ensaiada
na campanha nacional é deslocar a crise para a disputa eleitoral em São Paulo, deixando Lula e o Planalto fora do furacão.
Sob reserva, integrantes da cúpula do PT admitem ser evidente o envolvimento de petistas. "Mas é uma participação
marginal. É de uma estupidez
inacreditável", diz um petista.
A crise deflagrou uma nova
disputa no PT, especialmente
em São Paulo. Ontem, petistas
afastados da campanha de
Mercadante tentavam responsabilizar o senador e seu grupo.
Já o diretório estadual do PT
festejava reservadamente a entrada de Ricardo Berzoini, presidente do partido, no centro da
crise. Os petistas atribuíam a
prisão de Passos a uma rivalidade entre a PF de São Paulo e o
comando em Brasília. A operação que prendeu Passos [ex-agente da PF] teria sido, na avaliação desses petistas, uma
"vingança" contra o ex-delegado Francisco Baltazar da Silva.
Baltazar comandou a PF em
São Paulo após ter sido chefe da
segurança da campanha de Lula em 2002. O corpo técnico da
PF rejeitou a nomeação, por
entender que se tratava de uma
indicação política. Como Passos seria ligado a Baltazar, sua
prisão foi interpretada como
retaliação ao ex-delegado.
(MALU DELGADO e JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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