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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
TSE vai investigar se Lula cometeu abuso de poder
Corregedor eleitoral ordena perícia no dinheiro para identificar a sua origem
Ministro determinou que os
acusados -entre eles Lula
e Márcio Thomaz Bastos-
sejam notificados para que
apresentem a defesa prévia
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral e corregedor-geral eleitoral, Cesar Asfor Rocha, mandou abrir ontem investigação judicial contra o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para apurar se houve abusos de poder econômico e de
autoridade no caso da negociação do dossiê contra tucanos.
Ele concedeu liminar ordenando que a Polícia Federal, no
prazo de dez dias, faça perícia
no dinheiro apreendido para
identificar a sua origem a partir
da numeração, envie relatório
das apurações realizadas nesse
inquérito e informe o TSE regularmente das providências.
O corregedor-geral também
determinou a notificação de
Lula e dos outros acusados para
que apresentem defesa prévia.
São eles: o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o advogado Gedimar Pereira
Passos, o petista Valdebran
Carlos Padilha e o ex-assessor
de Lula na Secretaria Particular
da Presidência Freud Godoy.
A investigação judicial foi pedida anteontem pela coligação
PSDB-PFL em razão da tentativa de compra de um dossiê
contra Alckmin e José Serra.
Na última sexta, a PF apreendeu US$ 248,800 mil e R$ 1,168
milhão com Valdebran Carlos
Padilha e Gedimar Pereira Passos e os prendeu. O dinheiro seria usado para pagar o dossiê.
"Tenho, pelo menos nessa primeira análise, por inegável a repercussão dos fatos narrados
no processo eleitoral em curso", disse o ministro.
O advogado José Antonio
Toffoli, que representa o presidente Lula no TSE, minimizou
a importância da abertura da
investigação judicial, dizendo
que era "tempestade em copo
d'água". "Isso faz parte do processo eleitoral. Nós também temos várias representações contra o candidato Geraldo Alckmin. É tempestade em copo
d'água. Esse processo não vai
dar em nada. É uma exploração
política". Toffoli poupou o ministro Asfor Rocha de crítica.
Para ele, a decisão de abrir a investigação foi técnica. "Ele não
tinha outra alternativa."
Investigação
A investigação dificilmente
terminará neste ano, mas poderá fornecer provas para uma
futura ação pedindo a cassação
do eventual segundo mandato
de Lula. Confirmada a reeleição, a oposição e o Ministério
Público irão decidir se pedem
ou não ao TSE que casse o novo
mandato presidencial por abusos de poder na campanha. Essa iniciativa independerá do
término dessa investigação judicial e poderá envolver outras
acusações de uso da máquina.
Há duas medidas possíveis:
ação de impugnação do mandato eletivo e recurso contra a expedição do diploma. Ambas podem tramitar simultaneamente e resultar na perda do mandato. O procurador-geral eleitoral, Antonio Fernando de
Souza, tomará essa iniciativa
caso se convença da ocorrência
de abusos. Já a oposição irá avaliar principalmente a conveniência política de um processo
judicial contra o presidente.
A ação contra o mandato poderá ser proposta até 15 dias
após a diplomação, momento
em que o TSE irá declarar o
presidente habilitado a exercer
o novo mandato, o que deverá
ocorrer em dezembro, após o
julgamento das contas da campanha. O prazo para o recurso é
de até três dias após essa data.
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