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Congressistas resistem a demitir seus parentes
Ao menos 17 continuam empregados no Congresso
ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um mês após a decisão do
STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu o nepotismo
nos Três Poderes, deputados e
senadores ainda resistem a demitir seus parentes. Ao menos
16 continuam empregados no
Congresso.
No Senado, a Folha localizou
dez familiares trabalhando em
gabinetes parlamentares. Foram analisadas demissões publicadas até o último boletim
administrativo do Congresso,
referente à quinta-feira.
O senador Almeida Lima
(PMDB-SE), que tem dois sobrinhos contratados, disse que
não vai demitir ninguém, a não
ser que receba uma "intimação" para fazê-lo.
"Não recebi intimação de
ninguém e não vou tomar providência. A Casa não me comunicou nada e o Supremo também não. Eu sei lá se é verdadeira [a determinação para demitir os parentes]", declarou o
parlamentar.
O líder do PMDB, senador
Valdir Raupp (RO), já demitiu
quatro parentes: dois sobrinhos e dois cunhados, mas se
recusa a exonerar a filha da secretária-geral, Cláudia Lyra, lotada na liderança do partido na
Casa. Ela também tem uma filha empregada na Comissão de
Desenvolvimento Regional e
Turismo, subordinada diretamente a ela.
Já o senador Adelmir Santana (DEM-DF) transferiu a responsabilidade pela demissão
da filha para a direção do Senado. Contratada pela direção-geral, sua filha foi cedida para o
gabinete, mas depois da súmula ele a "devolveu" para a direção-geral, que ficou com a missão de exonerá-la -o que não
ocorreu até agora. O diretor-geral, Agaciel Maia, não foi encontrado ontem.
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), o primeiro a defender cota
para parente, também se recusa a demitir a mulher, o filho e
o sobrinho. A Folha deixou recados, mas ele não ligou de volta até ontem à noite.
O primeiro-secretário do Senado, Efraim Morais (DEM-PB), demitiu sete parentes,
mas mantém o marido de uma
sobrinha contratado alegando
que ele não se enquadra na decisão do STF. A súmula também proíbe, porém, a contratação de parente por afinidade
até terceiro grau. O senador
Augusto Botelho (PT-RR) também não despediu o irmão.
A primeira-dama de Sergipe,
Eliane Aquino, é funcionária
do gabinete do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).
O senador demitiu o genro,
mas afirmou que não fará o
mesmo com a primeira-dama
porque ela não é sua parente.
Na Câmara, onde mais de 70
pessoas perderam o emprego
após a decisão antinepotismo
do Supremo, pelo menos seis
parentes ainda continuam empregados.
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