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Petrobras vai ao STF por obras de R$ 11 bi
Empresa recorreu após TCU ter encontrado irregularidades e determinado cumprimento da Lei das Licitações
FERNANDA ODILLA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras abandonou os
procedimentos tradicionais da
licitação pública em obras avaliadas em R$ 11 bilhões graças a
dez liminares que ganhou no
STF (Supremo Tribunal Federal). A companhia recorreu à
Justiça contra decisões do TCU
(Tribunal de Contas da União),
que detectou irregularidades
em contratos em refinarias, gasodutos e serviços para garantir
a exploração e produção de petróleo, gás natural e óleo.
O Supremo garantiu à Petrobras o direito de fazer, temporariamente, procedimentos
simplificados para comprar e
contratar. Dessa forma, a estatal pode usar o sistema de convite para escolher propostas,
contrariando a posição dos ministros que analisam as contas
da União.
Petrobras e TCU travam uma
guerra há anos sobre a forma de
contratar. O TCU diz que a empresa precisa se submeter à Lei
de Licitações, mas a Petrobras
evoca um decreto presidencial
para ter mais liberdade.
"Como é por demais sabido,
esta corte determinou à empresa que se abstivesse de aplicar o
decreto, em razão de sua inconstitucionalidade. Inconformada, a Petrobras tem ingressado com sucessivos recursos
contra as deliberações do
TCU", afirmou o ministro do
TCU Valmir Campelo ao relatar processo sobre à construção
do gasoduto Urucu-Manaus.
Ao analisar as razões que levaram sucessivos adiamentos
do gasoduto avaliado em R$ 2,5
bilhões, os técnicos do TCU encontraram diferenças de preços de até 57.782% entre as estimativas da Petrobras e as propostas das licitantes.
Isso aconteceu por causa dos
"procedimentos adotados pela
estatal", de acordo com o ministro Campelo.
Sem interrupção
Mesmo o TCU tendo detectado irregularidades em contratos que somam R$ 4,5 bilhões, a Petrobras não precisou
parar 94 empreendimentos em
todo país relacionados a manutenção, transporte, suprimento, planejamento e gestão da
qualidade para exploração e
produção de petróleo. Os técnicos identificaram contratos
sem assinatura e alteração do
objeto sem nova licitação.
"Boa parte das falhas detectadas pela equipe de auditoria
já foram objeto de determinações em outros processos. Uma
vez que a determinação foi feita, cabe ao tribunal zelar para
que ela seja efetivamente implementada", escreveu o ministro Ubiratan Aguiar, atual presidente do TCU, ao relatar o
processo.
O relator da CPI da Petrobras, Romero Jucá (PMDB-RR), anuncia que vai propor, ao
final dos trabalhos da comissão, uma lei específica para licitações e contratos de estatais e
sociedades de economia mista.
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