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Setor privado opina sobre a venda de caças ao Brasil
Embraer e outras três empresas avaliaram níveis de transferência de tecnologia
Convite para participação partiu da FAB; empresas são listadas como parceiras obrigatórias de todas as concorrentes estrangeiras
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A Embraer e três outras empresas privadas brasileiras da
sensível área de defesa tiveram
acesso às propostas dos EUA,
da França e da Suécia para o
programa FX-2, de renovação
dos caças da FAB, e apresentaram relatórios avaliando os níveis de transferência de tecnologia oferecidos pelas concorrentes ao Brasil, com aval de
seus governos.
Conforme a Folha apurou,
outras empresas privadas que
participam da avaliação são:
1. Atech, fabricante de software da área de defesa, energia
e controle de tráfego aéreo,
criada para ser a integradora do
Sivam (Sistema de Vigilância
da Amazônia);
2. Mectron, de engenharia e
de alta tecnologia de defesa,
responsável por radares, subsistemas e mísseis como, por
exemplo, o Piranha utilizado
pelas Forças Armadas;
3. AEL-Aeroeletrônica, que
produz sistemas eletrônicos e
suporte logístico para aviões,
inclusive para o Super Tucano,
da Embraer, e é subsidiária da
maior empresa privada de produtos militares de Israel, a Elbit Systems Ltda.
Elas, principalmente a Embraer, são listadas como parceiras obrigatórias das empresas
estrangeiras para fornecimento de suprimentos e troca de
tecnologia. E passam a ter informações secretas sobre todas
as três concorrentes.
O convite para a participação
na avaliação partiu da Copac
(Comissão Coordenadora do
Programa Aeronave de Combate), da FAB, e a Embraer destacou um diretor exclusivo para acompanhar o FX-2, Luiz
Hernandez, formalmente na
Diretoria de Contratos para o
Mercado de Defesa e Governo.
O prazo para a entrega de
propostas se encerra amanhã,
apesar de o governo já ter aventado a possibilidade de adiá-lo.
As finalistas estão melhorando
preços e contrapartidas, com
envio ao Brasil de representantes tanto das cúpulas das empresas como dos governos, como o vice-ministro de Defesa
da Suécia, Hakan Jevrell, que
esteve em Brasília quinta-feira.
Concorrem na reta final do
FX-2 o Rafale, da empresa Dassault (França), o F-18 Super
Hornet, da Boeing (EUA) e o
Gripen NG, da Saab (Suécia). O
negócio envolve a compra de
36 caças, com transferência de
tecnologia do aparelho, do sistema de armas e da integração
entre ambos. Pode chegar a R$
10 bilhões. A entrega está prevista a partir de 2014 e a vida
útil da frota é de 30 a 40 anos.
O presidente Lula atropelou
o processo de seleção ao divulgar comunicado com o presidente Nicolas Sarkozy anunciando o início de negociações.
Diante das reações negativas,
o governo brasileiro foi obrigado a recuar e declarar que o
processo de seleção continuava. A Copac já produziu mais de
26 mil páginas avaliando as
propostas, nas quais empresas
gastaram milhões de dólares
ou euros.
A questão considerada chave
no FX-2 é a transferência de
tecnologia, porque o Brasil
busca a autonomia na produção de caças, submarinos e helicópteros, e os países desenvolvidos não têm precedentes
de repassar conhecimentos.
Com isso, os EUA vetaram,
por exemplo, que a Embraer
vendesse o Super Tucano para
a Venezuela. Assim como a
França praticamente asfixiou a
frota da Argentina na guerra
das Malvinas.
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