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PLANO COLÔMBIA
A 4ª Conferência Ministerial de Defesa das Américas não previa discussão do assunto, mas dominou encontro
EUA não foram lógicos, afirma ministro
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS
O ministro da Defesa do Brasil,
Geraldo Quintão, disse ontem
que o representante dos EUA na
4ª Conferência Ministerial de Defesa das Américas, James Bodner,
"não foi lógico" ao ter dito no dia
anterior que "o Plano Colômbia
será executado com ou sem a solidariedade internacional".
Em entrevista coletiva pouco
antes do encerramento oficial do
encontro de Manaus, Quintão
confirmou a frase do norte-americano e declarou o seguinte:
"Cada um fala de acordo com
uma série de contingências que
formam a sua personalidade. Algumas pessoas são mais brandas
ao falar, outras são mais suaves,
outras são mais duras, outras são
mais ásperas, outras são mais lógicas. Eu procuro ser mais lógico e
racional".
Indagado se o norte-americano
não fora lógico, Quintão foi direto: "Ele, eu acho, não foi lógico.
Porque não estava em jogo a execução ou não do Plano Colômbia,
independentemente ou não da
vontade ou não de outrem. Isso
não estava em discussão. Dentro
do racional, teria de dizer o seguinte: "Nós tivemos uma solicitação da Colômbia, estamos aqui
para apoiar, gostaríamos que os
vizinhos da Colômbia colaborassem conosco". Seria uma outra
forma de dizer".
Foi a declaração mais dura de
Quintão desde que assumiu o cargo em janeiro passado. Acabou
sintetizando o sentimento de desconforto da maioria dos vizinhos
da Colômbia a respeito do chamado Plano Colômbia.
Esse plano tem por objetivo pacificar o país -que convive com
guerrilhas de orientação marxista
há mais de 40 anos-, combater o
narcotráfico e promover o desenvolvimento econômico e social.
Custará cerca de US$ 7,5 bilhões,
sendo que os EUA colaborarão
com US$ 1,3 bilhão desse total.
A 4ª Conferência Ministerial de
Defesa das Américas não previa
em sua agenda a discussão do Plano Colômbia. Mas o assunto dominou todas as principais reuniões do encontro.
De um lado estiveram EUA e
Colômbia argumentando que o
plano era uma iniciativa colombiana que requeria o apoio dos
outros países, uma vez que o narcotráfico não se restringe apenas
ao país que produz as drogas.
No lado oposto estiveram os outros países participantes do encontro, sempre declarando que
dão apoio à iniciativa de paz na
Colômbia, mas nunca expressando apoio explícito ao Plano Colômbia com um todo.
Os vizinhos da Colômbia, inclusive o Brasil, temem que a forte
presença dos EUA na operação
possa gerar uma reação forte entre os narcotraficantes e guerrilheiros colombianos. E que isso
acabe resultando na migração do
problema para outros territórios.
A Folha procurou os representantes dos EUA para que comentassem a crítica de Quintão. Um
porta-voz da delegação norte-americana disse que não teria
ninguém disponível para fazer
um comentário até o início da
noite. O vice-ministro da Defesa
dos EUA, James Bodner, cuja frase causou a reação do Brasil, já havia viajado de volta para seu país
na noite de anteontem.
Depois, Quintão quis atenuar o
desentendimento. Declarou que
"não houve nenhuma rusga".
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