FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A PIRATUBA (SC)

Moradores atingidos pela formação do lago da usina hidrelétrica de Machadinho, na divisa dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, fizeram ontem um protesto na visita do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os manifestantes -cerca de 2.000, segundo os organizadores, e 400, de acordo com a Polícia Militar- são do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens).
Eles caminharam 5 km ontem de manhã até a entrada da usina, onde foram barrados pelos policiais. Tiveram de se postar a 2 km do local em que estava o presidente. Não foram vistos ou ouvidos.
É o mesmo grupo que invadiu a área da usina, no final de julho, obrigando o Planalto a cancelar a viagem presidencial. O protesto de ontem foi pacífico.

Assentamento
"Fomos prejudicados e temos direito a receber tratamento digno. O presidente está aqui para conhecer uma usina moderna, mas não sabe o que se passou conosco", declarou o líder do movimento, Sidenir Gavin.
O MAB quer o assentamento de 300 famílias e concessão de crédito para outras 1.800.
A usina afirma que está dedicando "especial atenção" ao remanejamento das famílias afetadas. Anteontem, houve uma reunião entre as partes.
FHC, acompanhado pelos governadores Olívio Dutra (RS) e Esperidião Amin (SC), passou cerca de duas horas visitando as obras da usina, localizada no rio Pelotas, entre as cidades de Piratuba (SC) e Maximiliano de Almeida (RS). Também estavam presentes os ministros Eliseu Padilha (Transportes) e José Jorge (Minas e Energia).
A usina de Machadinho está sendo feita pelo consórcio Maesa, composto, entre outras, pelas empresas Alcoa, Camargo Correa e Companhia Brasileira de Alumínio. O empreendimento, de US$ 618 milhões, terá capacidade para gerar 1.140 megawatts, em três turbinas. As operações devem começar em janeiro de 2002.


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