São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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CPMF opõe governadores aos congressistas do PSDB

Senadores tucanos rejeitam proposta do governo; Serra e Aécio querem negociar

Presidente do PSDB, Tasso Jereissati, diz que o partido sempre ouve governadores, mas que "a disposição da bancada é pela rejeição"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Encurralado pelo DEM, o comando do PSDB no Senado alertou ontem governadores do partido para o risco de votarem contra a prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) por falta de um discurso que justifique sua aprovação.
Para preocupação dos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), os senadores tucanos lançaram dúvidas sobre a disposição do governo de oferecer uma compensação que legitime voto a favor da CPMF. A reunião deixou exposto o constrangimento do PSDB.
"Estamos sob pressão. Sou um dos que duvidam que o governo venha a apresentar uma proposta que justifique o voto", afirmou o senador Sérgio Guerra (PE), à saída da reunião.
No encontro, Serra defendeu a manutenção da alíquota da CPMF e redução de outros tributos "piores". Advertiu ainda para a ameaça de corte de repasses para os Estados caso a receita emagreça. Os dois recomendaram que o PSDB explore a fragilidade do goveno para obter concessões, mas concordaram que, sem uma saída política, os tucanos serão obrigados a votar contra a CPMF.
Aécio chegou a perguntar como poderia ajudar numa negociação com o governo. Mas teria admitido: "Se não der, vá para o pau".
"Vamos sempre ouvi-los. Mas não tem como ajudar. Até agora, o governo só apresentou bobagens. O governo tem de fazer uma proposta concreta", afirmou o presidente do PSDB nacional, Tasso Jereissati (CE), segundo o qual "a disposição da bancada é pela rejeição".
Na audiência, Tasso se queixou das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que levará a CPMF a voto do jeito que está. Tasso, Guerra e o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), se mostraram incomodados com a idéia de aparecer como patrocinadores da CPMF e dar munição para os petistas massacrarem os tucanos nos Estados.
"Não seremos avalistas da gastança do PT", afirmou Arthur Virgílio.
Escalado como porta-voz da reunião, o líder sugeriu que o governo desça do "pedestal". "O tempo de paciência em relação à soberba do governo está se esgotando", disse. "Ficou bem avisado ali que daqui a pouco não teremos liderados mais. Nossos senadores estão progressivamente assumindo uma posição contra CPMF.
O tom de Aécio é bem mais leve. Dizendo que ele e Serra autorizaram uma negociação com o governo, Aécio defendeu um acordo pela redução da carga tributária, com isenção de PIS e Cofins sobre saneamento e alívio sobre a folha de pagamento, além de destinação de maior volume de recursos da CPMF para a saúde. Ele aposta que o governo vá negociar, sob pena de ser derrotado em plenário."Ou o governo conversa ou vai para o confronto".
Na reunião, de acordo com Arthur Virgílio, Serra e Aécio afirmaram que "não é perfil do PSDB votar contra por votar".
Constrangimento
Programado a pedido de Tasso, o próprio encontro impôs constrangimento a Serra e Aécio. Anfitrião da reunião, o governador de São Paulo já tinha reclamado na véspera da idéia. Segundo tucanos, Serra adiantava, já na quinta-feira, que o encontro se tornaria público, obrigando os tucanos a se manifestar sobre o tributo.
Constrangido, Serra nem sequer acompanhou os parlamentares recrutados para a entrevista no Palácio dos Bandeirantes: Virgílio, Guerra e o líder do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (SP). Sob o argumento de que tinha uma agenda externa, deixou o Palácio de helicóptero.
Apesar da delicadeza do tema, a reunião -em que também foi discutida a reforma política- teve momentos de descontração. Ao comer um chocolate com as iniciais "SP", Aécio brincou: "Propaganda irregular. "Serra presidente".


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