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CPMF opõe governadores aos congressistas do PSDB
Senadores tucanos rejeitam proposta do governo; Serra e Aécio querem negociar
Presidente do PSDB, Tasso Jereissati, diz que o partido sempre ouve governadores, mas que "a disposição da bancada é pela rejeição"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Encurralado pelo DEM, o comando do PSDB no Senado
alertou ontem governadores do
partido para o risco de votarem
contra a prorrogação da CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira) por
falta de um discurso que justifique sua aprovação.
Para preocupação dos governadores José Serra (SP) e Aécio
Neves (MG), os senadores tucanos lançaram dúvidas sobre a
disposição do governo de oferecer uma compensação que legitime voto a favor da CPMF. A
reunião deixou exposto o constrangimento do PSDB.
"Estamos sob pressão. Sou
um dos que duvidam que o governo venha a apresentar uma
proposta que justifique o voto",
afirmou o senador Sérgio Guerra (PE), à saída da reunião.
No encontro, Serra defendeu
a manutenção da alíquota da
CPMF e redução de outros tributos "piores". Advertiu ainda
para a ameaça de corte de repasses para os Estados caso a
receita emagreça. Os dois recomendaram que o PSDB explore
a fragilidade do goveno para
obter concessões, mas concordaram que, sem uma saída política, os tucanos serão obrigados
a votar contra a CPMF.
Aécio chegou a perguntar como poderia ajudar numa negociação com o governo. Mas teria admitido: "Se não der, vá para o pau".
"Vamos sempre ouvi-los.
Mas não tem como ajudar. Até
agora, o governo só apresentou
bobagens. O governo tem de fazer uma proposta concreta",
afirmou o presidente do PSDB
nacional, Tasso Jereissati (CE),
segundo o qual "a disposição da
bancada é pela rejeição".
Na audiência, Tasso se queixou das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
de que levará a CPMF a voto do
jeito que está. Tasso, Guerra e o
líder do partido no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), se
mostraram incomodados com
a idéia de aparecer como patrocinadores da CPMF e dar munição para os petistas massacrarem os tucanos nos Estados.
"Não seremos avalistas da
gastança do PT", afirmou Arthur Virgílio.
Escalado como porta-voz da
reunião, o líder sugeriu que o
governo desça do "pedestal".
"O tempo de paciência em relação à soberba do governo está
se esgotando", disse. "Ficou
bem avisado ali que daqui a
pouco não teremos liderados
mais. Nossos senadores estão
progressivamente assumindo
uma posição contra CPMF.
O tom de Aécio é bem mais
leve. Dizendo que ele e Serra
autorizaram uma negociação
com o governo, Aécio defendeu
um acordo pela redução da carga tributária, com isenção de
PIS e Cofins sobre saneamento
e alívio sobre a folha de pagamento, além de destinação de
maior volume de recursos da
CPMF para a saúde. Ele aposta
que o governo vá negociar, sob
pena de ser derrotado em plenário."Ou o governo conversa
ou vai para o confronto".
Na reunião, de acordo com
Arthur Virgílio, Serra e Aécio
afirmaram que "não é perfil do
PSDB votar contra por votar".
Constrangimento
Programado a pedido de Tasso, o próprio encontro impôs
constrangimento a Serra e Aécio. Anfitrião da reunião, o governador de São Paulo já tinha
reclamado na véspera da idéia.
Segundo tucanos, Serra adiantava, já na quinta-feira, que o
encontro se tornaria público,
obrigando os tucanos a se manifestar sobre o tributo.
Constrangido, Serra nem sequer acompanhou os parlamentares recrutados para a entrevista no Palácio dos Bandeirantes: Virgílio, Guerra e o líder
do PSDB na Câmara, Antônio
Carlos Pannunzio (SP). Sob o
argumento de que tinha uma
agenda externa, deixou o Palácio de helicóptero.
Apesar da delicadeza do tema, a reunião -em que também foi discutida a reforma política- teve momentos de descontração. Ao comer um chocolate com as iniciais "SP", Aécio brincou: "Propaganda irregular. "Serra presidente".
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