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Senador tem curso superior só para ele
Procuradoria quer fim do privilégio de Perillo e mulher de assistirem a aulas sozinhos e em horários adaptados
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério Público Federal
pediu na Justiça o fim de privilégios que o senador Marconi
Perillo (PSDB-GO) recebe em
uma faculdade particular de
Goiânia. Ele e a mulher assistem às aulas sozinhos e com horários adaptados no curso de
direito da Faculdade Alves Faria. Perillo, que governou o Estado entre 1999 e 2006, e Valéria Perillo comparecem às aulas só três dias por semana.
A Procuradoria considerou
que a prática fere o princípio da
igualdade na prestação de um
serviço público. Uma ação civil
pública contra o senador foi encaminhada à Justiça pedindo o
pagamento de uma indenização, ainda sem valor definido,
aos estudantes da faculdade.
Ao Ministério Público a direção da faculdade disse que, se
os dois estivessem em classes
comuns, seu "carisma" faria
com que fossem assediados por
colegas, o que prejudicaria as
aulas. O Ministério Público argumenta que "até na monarquia britânica os herdeiros estudam em turmas comuns". A
Procuradoria considera que os
outros estudantes acabam arcando com os custos de manutenção de uma estrutura feita
para apenas dois alunos. Os
dois pagam de mensalidade o
mesmo valor dos demais alunos -cerca de R$ 600.
O senador disse, por meio de
sua assessoria de imprensa, que
não há irregularidade porque a
faculdade é particular e o Ministério da Educação permitiu
a prática. Perillo, 44, não tem
formação em curso superior.
"Recuso-me a seguir exemplos de homens públicos que se
contentam apenas com os importantes diplomas conferidos
pela Justiça Eleitoral", afirmou
em nota à imprensa. "Agora,
deixem-me estudar."
Em 2002, o presidente Lula
disse em cerimônia de diplomação: "Eu, que durante tantas
vezes fui acusado de não ter um
diploma superior, ganho como
meu primeiro diploma [...] o de
presidente da República".
Fundada há sete anos, a Faculdade Alves Faria pertence
ao Grupo José Alves, que atua
também nos setores de bebidas
e rastreamento de cargas. Em
2006, o curso de direito da faculdade obteve conceito 2 no
Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), do
Ministério da Educação, em
uma escala que vai de 1 a 5.
A faculdade não respondeu
aos questionamentos feitos pela Folha. O Ministério Público
apurou o caso após uma representação feita pelo deputado
Ronaldo Caiado (DEM-GO).
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