UOL

São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sindicalista processa diretor da PF

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef) iniciou ontem mais um confronto com o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda. À tarde, divulgou nota defendendo seu presidente, Francisco Carlos Garisto, que também vai acionar Lacerda na Justiça por difamação e injúria.
"[Lacerda] é avesso a sindicatos. Ele gostaria que as entidades sindicais não existissem, de modo a continuar com sua desorganizada e autoritária gestão, sem ouvir críticas", diz o texto. A Fenapef divulgou em sua página na internet a cópia de uma queixa-crime de Garisto contra Lacerda.
Em oito itens, a nota responde a declarações feitas por Lacerda no último domingo, durante as comemorações dos 39 anos do Departamento de Polícia Federal. Segundo Garisto, a nota serve para "encerrar o episódio". "A Fenapef não vai se rebaixar a trocar picuinhas com Lacerda", afirmou.
A Fenapef faz oposição sistemática à gestão da PF. No mês passado, divulgou uma enquete apontando a reprovação de Lacerda por 92% dos federais do país.
O diretor-geral manteve silêncio sobre o caso até domingo, quando disse que a federação sindical fazia "proselitismo político". Lacerda condenou a "solidariedade" de sindicalistas a policiais presos em operações anticorrupção.
"A Fenapef deixa claro que exige apenas, quando um policial for preso, que ele tenha os mesmos direitos de qualquer acusado, nada mais", rebate a nota.
Procurado pela Folha ontem, Lacerda não quis se pronunciar sobre o caso.
O novo estopim do conflito entre Lacerda e Garisto foi a Operação Anaconda da PF, que deteve três policiais federais em ação na cidade de São Paulo, no dia 30 de outubro: os delegados José Augusto Bellini e Jorge Luiz Bezerra da Silva (aposentado) e o agente César Herman Rodriguez.
Lacerda disse, no domingo, que sindicalistas promoviam um "boicote" às ações policiais incentivados pela Fenapef devido à falta de pagamento de diárias.
A entidade critica o envio de policiais a outros Estados sem as diárias, que custeiam hospedagem e alimentação. Lacerda argumentou que o pagamento é feito, embora com atraso. Segundo a Fenapef, a orientação parte do TCU (Tribunal de Contas da União) e da Diretoria de Logística Policial, subordinada a Lacerda.
Outro ingrediente da tensão foi a notícia, publicada no domingo pela Folha, de que um sindicalista teve gravada uma conversa sua com o delegado José Augusto Bellini, um dos presos em decorrência da Operação Anaconda.
No domingo, o diretor-geral da PF afirmou que o patrimônio do sindicalista era incompatível com seus rendimentos. "Eu não estava sob investigação, por que o Lacerda fica falando meu nome? Isso é crime, agora vai explicar na Justiça", disse Garisto.

Tensão na cúpula
O clima de desavenças na PF inclui ainda outro personagem: o superintendente da PF em São Paulo, Francisco Baltazar da Silva.
Baltazar -que atuou na segurança do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 89, 94, 98 e 2002- reclamou de Lacerda em relação à Operação Anaconda.
O superintendente de São Paulo deixou claro que não gostou de não ter sido avisado com antecedência da ação na capital paulista.


A íntegra da nota da Fenapef rebatendo declarações de Lacerda está em www.fenapef.org.br


Texto Anterior: Presos recorrem ao STJ para obter liberdade
Próximo Texto: Empresário diz não ter conta fora
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.