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Sindicalista processa diretor da PF
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef) iniciou
ontem mais um confronto com o
diretor-geral da Polícia Federal,
Paulo Lacerda. À tarde, divulgou
nota defendendo seu presidente,
Francisco Carlos Garisto, que
também vai acionar Lacerda na
Justiça por difamação e injúria.
"[Lacerda] é avesso a sindicatos.
Ele gostaria que as entidades sindicais não existissem, de modo a
continuar com sua desorganizada
e autoritária gestão, sem ouvir críticas", diz o texto. A Fenapef divulgou em sua página na internet
a cópia de uma queixa-crime de
Garisto contra Lacerda.
Em oito itens, a nota responde a
declarações feitas por Lacerda no
último domingo, durante as comemorações dos 39 anos do Departamento de Polícia Federal.
Segundo Garisto, a nota serve para "encerrar o episódio". "A Fenapef não vai se rebaixar a trocar picuinhas com Lacerda", afirmou.
A Fenapef faz oposição sistemática à gestão da PF. No mês passado, divulgou uma enquete apontando a reprovação de Lacerda
por 92% dos federais do país.
O diretor-geral manteve silêncio sobre o caso até domingo,
quando disse que a federação sindical fazia "proselitismo político".
Lacerda condenou a "solidariedade" de sindicalistas a policiais presos em operações anticorrupção.
"A Fenapef deixa claro que exige apenas, quando um policial for
preso, que ele tenha os mesmos
direitos de qualquer acusado, nada mais", rebate a nota.
Procurado pela Folha ontem,
Lacerda não quis se pronunciar
sobre o caso.
O novo estopim do conflito entre Lacerda e Garisto foi a Operação Anaconda da PF, que deteve
três policiais federais em ação na
cidade de São Paulo, no dia 30 de
outubro: os delegados José Augusto Bellini e Jorge Luiz Bezerra
da Silva (aposentado) e o agente
César Herman Rodriguez.
Lacerda disse, no domingo, que
sindicalistas promoviam um
"boicote" às ações policiais incentivados pela Fenapef devido à falta
de pagamento de diárias.
A entidade critica o envio de policiais a outros Estados sem as diárias, que custeiam hospedagem e
alimentação. Lacerda argumentou que o pagamento é feito, embora com atraso. Segundo a Fenapef, a orientação parte do TCU
(Tribunal de Contas da União) e
da Diretoria de Logística Policial,
subordinada a Lacerda.
Outro ingrediente da tensão foi
a notícia, publicada no domingo
pela Folha, de que um sindicalista
teve gravada uma conversa sua
com o delegado José Augusto Bellini, um dos presos em decorrência da Operação Anaconda.
No domingo, o diretor-geral da
PF afirmou que o patrimônio do
sindicalista era incompatível com
seus rendimentos. "Eu não estava
sob investigação, por que o Lacerda fica falando meu nome? Isso é
crime, agora vai explicar na Justiça", disse Garisto.
Tensão na cúpula
O clima de desavenças na PF inclui ainda outro personagem: o
superintendente da PF em São
Paulo, Francisco Baltazar da Silva.
Baltazar -que atuou na segurança do então candidato Luiz
Inácio Lula da Silva nas eleições
presidenciais de 89, 94, 98 e
2002- reclamou de Lacerda em
relação à Operação Anaconda.
O superintendente de São Paulo
deixou claro que não gostou de
não ter sido avisado com antecedência da ação na capital paulista.
A íntegra da nota da Fenapef rebatendo
declarações de Lacerda está em
www.fenapef.org.br
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