São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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PAINEL

Elo perdido
A CPI dos Correios está a um passo de chegar ao laço que une a Dusseldorf, de Duda Mendonça, a outra conta no exterior que, pelas pistas da comissão, recebeu os restos de contribuições da campanha de 2002 e era operada por Delúbio Soares.

Peça que falta
Para fechar seu diagnóstico, a CPI precisa ter acesso aos dados sobre a conta Dusseldorf que a Justiça norte-americana entregou ao ministério de Márcio Thomaz Bastos. Segundo a comissão, semana vai, semana vem, e as portas que levam aos papéis continuam fechadas.

Não é comigo 1
Em depoimento à PF, o contador de Marcos Valério, Marco Aurélio Prata, disse que só assinava, sem jamais ter elaborado, a contabilidade das empresas do pagador do "mensalão".

Não é comigo 2
Prata, que declarou à PF uma remuneração de R$ 6 mil mensais para assinar a papelada de Valério, eximiu-se de responsabilidade na retificação feita na declaração de renda do empresário em setembro deste ano.

Olha a cobra...
Professor Luizinho (PT-SP) avistou o relator de seu processo de cassação, o suplente Pedro Canedo (PP-GO), que cedeu a cadeira ao titular, e aproveitou para perguntar se ele voltaria a tempo de reassumir a tarefa.

...já passou
Canedo brincou que, caso não retornasse, o relator seria Júlio Delgado (PSB-MG), o algoz de José Dirceu. Luizinho só sossegou ao encontrar Delgado, que desmentiu o trote. "Nem dormi à noite", desabafou o petista.

Vitor ou Vitória?
O apresentador do ato pró-José Dirceu sexta à noite em SP exibiu escassa familiaridade com os nomes do petismo. A dada altura, anunciou carta de solidariedade enviada pela "senadora Heloísia Mercadante".

Só pensa naquilo
No mercado, a salomônica declaração do presidente da República ao final da refrega Dilma-Palocci, considerando positivo o "debate" entre os dois ministros, foi traduzida assim: Lula quer gastar, logo e muito, em sua campanha reeleitoral.

Artilharia pesada 1
O fogo contra Palocci não tem data para acabar. Quinta e sexta, acontece no Senado um seminário organizado pela CAE a partir de iniciativa do líder do governo, Aloizio Mercadante, em homenagem a Celso Furtado.

Artilharia pesada 2
Os palestrantes formam quase um batalhão antipaloccista: Carlos Lessa, Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzo.

Data-limite
O pefelista Efraim Morais (PI), presidente da CPI dos Bingos, designou Tião Viana (PT-AC) e José Jorge (PFL-PE) para negociar com Palocci a data de seu depoimento. Exigiu apenas que seja antes de 10 de dezembro.

Agenda negativa
Um tucano espiou o calendário e notou que o período janeiro-março, no qual será escolhido o candidato do PSDB à Presidência, é o trimestre infernal de todo prefeito paulistano, com enchentes, IPTU e filas para obter vaga nas escolas municipais.

Melhor prevenir
Coincidência ou não, Serra criou uma força-tarefa de prevenção a enchentes. Reuniu seus principais secretários e pediu providências que evitem o caos na época de chuva intensa.

Separação de bens
O petista Danilo Camargo deverá cair da presidência do Conselho da Codesp no dia 28, em reunião convocada pelo governo federal. Sua saída abala a parceria PT-PL na administradora do porto de Santos.

TIROTEIO

Do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), sobre o presidente, a quem a ida do ministro da Fazenda à CPI não assusta, pois "quem não deve não teme":
-Lula está acostumado a fritar e o faz sem sentimento. Palocci, o escolhido da vez, já não é mais ministro. O ato de despedida será emotivo como o de Zé Dirceu. Cebolas para todos.

CONTRAPONTO

Choque cultural

O senador Tasso Jereissati, desde sexta o novo presidente do PSDB, relembra episódio ocorrido com Fernando Henrique Cardoso na campanha de 1994 para comentar a pré-candidatura de Geraldo Alckmin.
Naquele ano, Tasso levou FHC ao interior do Ceará para encontrar prefeitos, a exemplo do que fez neste mês com o governador de São Paulo. O senador aconselhou Fernando Henrique a se expressar de maneira informal.
-Use a linguagem do povo com eles-, recomendou Tasso.
O ex-professor de sociologia ia razoavelmente bem até comentar os efeitos da ditadura:
-Por causa dela, acabei perdendo minha cátedra.
Um prefeito o consolou:
-Não se preocupe, isso pode acontecer com qualquer um.
Quem resume a moral da história é o próprio Tasso:
-Não tem jeito: Alckmin vai acabar perdendo a cátedra.


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