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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS
Relatório preliminar responsabiliza pagamentos indevidos de comissões de agências de publicidade pelas perdas da empresa
TCU aponta prejuízo de R$ 3 mi na Petrobras
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
Pagamentos indevidos de comissões de agências de publicidade causaram um prejuízo de cerca
de R$ 3 milhões à Petrobras, segundo auditoria do Tribunal de
Contas da União (TCU). As informações da fiscalização indicam
que serviços contratados não foram prestados pelas agências.
As agências recebem de comissão uma taxa de 20% sobre o valor
dos contratos com seus clientes.
Assim, o questionamento do
TCU faz referência a serviços com
custo em torno de R$ 15 milhões.
O ministro-relator do TCU Guilherme Palmeira autorizou na semana passada o envio para a CPI
dos Correios, para a Casa Civil e
para a Procuradoria Geral da República de cópias do relatório
-que é preliminar- com essa e
outras constatações de irregularidades apontadas na Petrobras.
"Segundo aponta o relatório,
somente o pagamento indevido
de honorários pelas agências de
propaganda, a dita "comissão da
agência", teria causado prejuízos à
Petrobras da ordem de mais de R$
2,870 milhões, visto que em momento algum os serviços teriam
sido efetivamente prestados pela
agência", diz um trecho do comunicado de Palmeira ao plenário.
A estatal e as agências Duda
Mendonça & Associados, F/Nazca e Rede Interamericana de Comunicação (que é a agência Quê,
do grupo PPR) foram chamadas
pelo TCU para darem suas explicações até a última sexta-feira. A
Petrobras, a F/Nazca e a Rede Interamericana de Comunicação
negam as irregularidades e dizem
que os serviços foram prestados
corretamente, com a remuneração devida. Já a Duda Mendonça
& Associados não respondeu o
pedido de entrevista da Folha.
As outras irregularidade citadas
no comunicado são "subcontratação indevida, ausência de cotações de preços e licitação, fracionamento de despesa e realização
de despesas com festividades".
Em seu despacho, Palmeira
alerta a CPI, a Casa Civil e a Procuradoria que a questão ainda
não foi apreciada conclusivamente pelo TCU. O envio dos relatórios visa subsidiar os trabalhos de
investigação desses órgãos.
A auditoria é parte de um processo aberto para fiscalizar os
contratos de publicidade e propaganda firmados pela Petrobras a
partir de 2002, e procedimentos
licitatórios na área de Comunicação Institucional da empresa.
Em setembro, técnicos do TCU
já tinham promovido uma varredura nos contratos da Unidade de
Negócios da Petrobras na Bahia e
identificaram indícios de superfaturamento estimados em cerca de
R$ 55 milhões, além de suposto
direcionamento em licitações da
estatal. O relatório do TCU propôs a retenção de R$ 3,199 milhões em pagamentos a serem feitos às firmas contratadas.
Em 12 contratos, foram listadas
34 irregularidades, que incluem
serviços pagos e não realizados,
lucros e despesas financeiras elevadas, atas de reuniões "forjadas"
e alíquotas de impostos incidentes sobre os serviços maiores do
que a legislação estabelece. Alguns indícios são "gravíssimos".
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