São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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Procurador apura se PF quebrou o sigilo telefônico de jornalistas

Delegado afirma que denúncia é "invenção" e nega que investigue profissionais

ALAN GRIPP
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador da República Roberto Dassié disse ontem na CPI dos Grampos apurar as suspeitas de que a Polícia Federal quebrou, sem autorização judicial, o sigilo telefônico de jornalistas que acompanharam a Satiagraha, em 8 de julho.
Reportagem da Folha do início deste mês revelou que na investigação aberta para apurar o vazamento de informações da operação, a PF conseguiu, sem autorização judicial, a quebra do sigilo telefônico de aparelhos da Nextel, usados no dia da operação. O objetivo era identificar telefones de jornalistas da TV Globo.
A CPI também prorrogou seus trabalhos por 60 dias.
Segundo o Ministério Público, a PF pediu à Nextel a relação completa dos celulares e antenas usados exclusivamente em locais onde havia equipes da TV Globo naquele dia. Na CPI, Dassié afirmou que pediu à PF que explicasse a finalidade do pedido, mas disse que não tinha tido resposta.
O delegado responsável pelo inquérito que apura vazamentos de dados da Satiagraha, Amaro Vieira Ferreira, também falou ontem na CPI. Ele disse que a denúncia é uma "invenção", mas só aceitou dar explicações em sessão reservada.
Com as portas fechadas, Amaro reproduziu os argumentos já apresentados pela PF, segundo deputados presentes. Disse que queria apenas saber que antenas da Nextel estavam em funcionamento no dia e locais da Satiagraha, para, numa segunda etapa, pedir a quebra de sigilo de telefones.
O procurador rebateu: "A existência de antenas e a localização podem ser obtidas no site da Anatel. Se os senhores entrarem lá, podem obter a localização das antenas que servem a esta Casa". Segundo o delegado, a PF alugou 52 aparelhos Nextel para a operação. Ele disse que investiga se agentes da Abin e "colaboradores privados" usaram os aparelhos.
O procurador disse ainda que a PF negou a ele o fornecimento de dados sobre os gastos da operação, alegando sigilo.


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