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Procurador apura se PF quebrou
o sigilo telefônico de jornalistas
Delegado afirma que denúncia é "invenção" e nega que investigue profissionais
ALAN GRIPP
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador da República
Roberto Dassié disse ontem na
CPI dos Grampos apurar as
suspeitas de que a Polícia Federal quebrou, sem autorização
judicial, o sigilo telefônico de
jornalistas que acompanharam
a Satiagraha, em 8 de julho.
Reportagem da Folha do início deste mês revelou que na
investigação aberta para apurar o vazamento de informações da operação, a PF conseguiu, sem autorização judicial,
a quebra do sigilo telefônico de
aparelhos da Nextel, usados no
dia da operação. O objetivo era
identificar telefones de jornalistas da TV Globo.
A CPI também prorrogou
seus trabalhos por 60 dias.
Segundo o Ministério Público, a PF pediu à Nextel a relação completa dos celulares e
antenas usados exclusivamente em locais onde havia equipes
da TV Globo naquele dia. Na
CPI, Dassié afirmou que pediu
à PF que explicasse a finalidade
do pedido, mas disse que não
tinha tido resposta.
O delegado responsável pelo
inquérito que apura vazamentos de dados da Satiagraha,
Amaro Vieira Ferreira, também falou ontem na CPI. Ele
disse que a denúncia é uma "invenção", mas só aceitou dar explicações em sessão reservada.
Com as portas fechadas,
Amaro reproduziu os argumentos já apresentados pela
PF, segundo deputados presentes. Disse que queria apenas
saber que antenas da Nextel estavam em funcionamento no
dia e locais da Satiagraha, para,
numa segunda etapa, pedir a
quebra de sigilo de telefones.
O procurador rebateu: "A
existência de antenas e a localização podem ser obtidas no site da Anatel. Se os senhores entrarem lá, podem obter a localização das antenas que servem a
esta Casa". Segundo o delegado, a PF alugou 52 aparelhos
Nextel para a operação. Ele disse que investiga se agentes da
Abin e "colaboradores privados" usaram os aparelhos.
O procurador disse ainda
que a PF negou a ele o fornecimento de dados sobre os gastos
da operação, alegando sigilo.
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