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EXCLUSIVO
Fluxograma impresso em folha não autenticada mostra como funcionaria suposto esquema da CH, J & T
Papel aponta fluxo de "dinheiro político'
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
Um papel sem
autenticação
com o nome da
consultoria
Overland Advisory Services,
Inc., de Miami,
faz parte do dossiê Caribe ao qual a Folha teve
acesso parcial.
A Overland pertence ao brasileiro Oscar de Barros, que mora nos
EUA há 18 anos.
Sua empresa é especializada em
abrir contas e empresas em paraísos fiscais.
Existe uma ligação entre a Overland e o pastor evangélico Caio Fábio, que tentou colocar políticos
brasileiros em contato com pessoas interessadas em vender o dossiê Caribe.
Caio Fábio solicitou os trabalhos
da Overland para captar recursos
internacionais para o canal de TV
paga Vinde, que mantém no Rio de
Janeiro.
O dossiê Caribe é um conjunto
de papéis sem autenticação -como esse hoje publicado pela Folha- que sugerem uma suposta
associação sigilosa no exterior entre o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São
Paulo, Mário Covas, o ministro da
Saúde, José Serra, e Sérgio Motta,
que foi ministro das Comunicações e morreu em abril.
FHC, Covas e Serra negam qualquer associação ou a existência de
contas não declaradas no exterior.
FHC entregou o caso para a Procuradoria Geral da República e para
a Polícia Federal investigarem.
²
O fluxograma
O proprietário da Overland, Oscar de Barros, disse à Folha que o
papel encontrado pelo jornal não
pertence a sua empresa. "Isso é
uma falsificação, uma montagem", disse.
A Folha pediu a ele uma cópia de
seu papel timbrado para comparar
com o encontrado junto ao dossiê
Caribe. Barros se recusou a fornecer esse papel. "Vou entregar o caso para meu Departamento Jurídico", afirmou.
Barros também negou que a letra
do papel fosse sua ou de algum
funcionário da Overland. "Essa letra não é minha", disse.
O papel contém um fluxograma
manuscrito. Aparecem ali o que
seria o suposto caminho do dinheiro.
Segundo o fluxograma, a origem
de tudo seria a empresa CH, J & T,
com sede em Nassau, nas Bahamas. A Folha comprovou que a
empresa existe e publicou documentos autenticados na edição do
último dia 11.
Não existe informação oficial sobre quem seria dono da CH, J & T.
No fluxograma com o timbre da
Overland há duas flechas saindo
da CH, J & T.
Uma dessas flechas vai em direção ao banco inglês Coutts, nas
Ilhas Cayman. Junto ao nome do
Coutts aparece a inscrição "political money" (dinheiro político).
Outra flecha caindo da CH, J & T
aponta para uma suposta agência
do banco britânico Schroders, na
Suíça. Nesse item está também a
inscrição "private money" (dinheiro privado).
²
Movimentação
A pessoa que fez esse fluxograma
pretendia explicar o que seria a suposta movimentação do dinheiro
pertencente à CH, J & T. Outra
possibilidade é que esse desenho
teria sido o início da montagem de
uma operação forjada para montar
o dossiê Caribe.
O fluxograma traz uma divisão
entre as personagens citadas no
dossiê. Ray Terrence, um personagem não identificado, e José Serra
aparecem juntos à inscrição "Swiss
Von Ernest", sem maiores informações.
FHC, Covas e Motta estão juntos
no item "Legionella - Credit Suisse". Esse nome, Legionella, aparece em outro papel sem autenticidade comprovada do dossiê: seria o
nome de um fundo de investimentos aberto numa filial do Credit
Suisse das Ilhas Guernsey, no Canal da Mancha (entre o Reino Unido e a França).
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